Vou ousar falar daquilo que não sei sentir.
Devo ser estranha... tanta gente já escreveu sobre o assunto, parecia fácil e ficou bonito.
Para mim a dificuldade parece estar em explicar o diferente brilho dos olhos de que a vê chegar e depois de quem não a vê partir.
Tudo é estranho... não muda de nome, mas a maneira como se chama. Primeiro, surge cantando depois, sem palavras (ou)vidas, grita-se: Saudade.
Chega ao de leve, toca nas memórias, liberta recentes recordações... Vê-se no sorriso aparentemente sem razão de ser e, talvez por isso, incomparavelmente lindo. É como uma brisa, renova a alma, passa e deixa um suspiro.
É nova, profundamente simples. É transparente... é o brilho bonito do olhar.
Hmmm... como é bom. Vive-se, partilha-se! ...
Mas, às vezes, vai permanecendo e explora-se. E aí, cresce... apodera-se. Tudo muda.
Nasce associada a pessoas e, dentro de mim, procura-as. Acomoda-se no coração. Só ela se sente confortável. O coração manifesta-se em investidas à alma. Acaba-se a tranquilidade. Cada respirar fundo surge aos solavancos, coordenado com a descompassada respiração de quem, à noite, para descansar, vira o lado molhado da almofada para o colchão.
Os sorrisos são escassos, são aqueles que eram antes gargalhadas.
E, porque deixa de ser bom vivê-la talvez se deixe de partilhar...
Os olhos nunca deixaram de ter brilho... Se não brilham de dia, brilham à noite, num olhar desfocado para o céu... onde se lançam perguntas, de onde, triste, não chegam respostas.
Às vezes, irrito-me comigo. Não porque ache que a esperança é a última a morrer, mas porque sinto que é muito mais que esperança.
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