domingo, 2 de novembro de 2008

Saudades, até ao fim dos tempos

Tenho saudades tuas. Sim, é verdade. Admito, sem vergonha. E magoa-me, é verdade. Magoa-me pensar que já não te vejo há tanto tempo. Que não sei onde estás, com quem estás e se estás bem. A minha saudade é insaciável. Quero mesmo saber de ti. Quero poder estar ao teu lado. Quero poder acompanhar-te. Quero poder ajudar-te. Mas não posso. Não me cabe a mim. Não estou aí.
Provavelmente nem pensas em mim. Acredito que algures no tempo, encontres uma foto minha. Sorrias e a coloques no esquecimento, mais uma vez. Estou condenado a ser esquecido por ti. Magoa-me pensar que só eu é que te quero ver. Que só eu é que não consigo acabar um dia sem me lembrar de ti. Que eu tento enganar a minha mente, todos os dias, para não me lembrar de ti. Magoa-me saber que para sempre vais ter um lugar no meu coração. Magoa-me saber que não sentes o mesmo por mim. Que te sou indiferente. Fico triste, por me sentir tão sozinho. Tão magoado. Tão…simples. Como é que me tornei assim? Porque é que não te consigo esquecer. Porque é que ainda te recordo. Porque é que não te consigo esquecer, depois de tanto tempo sem te ver. Sem te ouvir falar. Sem te reconhecer. Sem te entender. Sem te sentir. Será isto a condição humana? Somos amaldiçoados com uma data de validade, e ainda passamos a nossa vida sem esquecer as pessoas um dia conhecemos.
Recordo-me do dia em que nós conhecemos. Nunca seria capaz de imaginar que te ia conhecer. Que ia conhecer alguém como tu, nesse dia tão simples e vago. Trocámos umas palavras, de forma banal, nada de especial. Sem qualquer contracto, contacto ou outra relação qualquer que implique a concordância de ambas as partes. Falámos de manhã, à tarde e à noite. Essa noite depois de me despedir de ti, foi a mais longa das noites. Recordo-me de me ir deitar e de só pensar em ti. Não te conseguia esquecer. Eras tu e só tu que habitavas na minha mente. E apesar de ser uma longa noite, dormi poucas horas. Recordo-me de me levantar e de te procurar. Também não tinhas dormido muito tempo. Também tinhas pensado em mim, mas não disseste nada. Sorriste quando me viste. E passamos o dia a falar, um com o outro. E outro dia passou, e outro e outro. Não nos cansámos um do outro. Gostávamos da companhia. Gostávamos das palavras amigas e sinceras. E por momentos, não existia mais ninguém.
E hoje, quem somos? Quem sou? Não sei. Esqueço-me várias vezes da actualidade. Procuro um refúgio, longe desta actualidade cruel, desta realidade cinzenta e poluída. E sei que as memórias que tenho de ti, ainda vivas e reais, me enchem sempre de calor. Sei, que se me lembrar de ti, já não estou mais à chuva, mas sim abrigado e protegido de todo o mal que o mundo tem. Sei, que se penso em ti, o mundo é colorido e feliz. Mas não! Recuso-me! Não me vou lembrar mais de ti. Estou farto e cansado! Não quero aquecer-me mais com a recordação do teu sorriso. Não quero lembrar-me mais da tua personalidade autêntica e genuína. Não quero proteger-me mais com o teu abraço real e eterno. Não. Não! NÃO!
Acabou-se. Sei que nunca me vou esquecer de ti. E nunca mais me quero lembrar de ti. Não quero recordar-me mais, de tudo aquilo que me fazias sentir. Não quero mais a tua cara. Não quero mais o teu sorriso. Quero ser feliz. Mas sem ti. Por favor, vai-te embora. Sai daqui. Adeus.
Por favor, vai-te embora…

2.11.08

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