terça-feira, 19 de maio de 2009

dor que mais dói

A dor que mais dói é não conseguir fugir e enganar a consciência que constantemente acorda por doer.

A alma que dói chora fundo.


sábado, 16 de maio de 2009

A dor e a chuva

Não sei o que aflige a todos os seres, até mesmo aos mais pequenos, mas apenas sei o que mim me diz respeito. Sentir dor, seja a física ou a da alma, é sempre desagradável e nem sempre inevitável, porém sou daqueles cuja opinião se declina a favor da dor da alma como que a mais sentida e a menos visível.
Por vezes gostaria de me poder ligar às pessoas, saber o que sentem, apenas pelo toque, assim como a chuva que cai e nos toca no rosto descendo até ao queixo e que, por fim, cede, lendo, nesse pequeno trajecto feito, o sentimento que por trás da pele, músculos, pequenas fibras, tecidos, ossos e órgãos se esconde. Se eu fosse a chuva, que torna possível a ligação entre céu e terra, que nunca em toda a eternidade se misturarão, poderia, eu, ligar dois corações? Contudo, se os nossos pensamentos e sentimentos já nos servem para atormentar não queiramos nós entrar no dos outros...



sexta-feira, 15 de maio de 2009

A minha desilusão dá lugar a algo, completamente novo

Desilusão, raiz dos únicos problemas que me atormentam neste momento. Neste preciso momento. Tudo o resto para mim não é nada. A desilusão é a única coisa que existe. E é a fonte, da dor de cabeça que tenho, do meu estado de espírito actual, e das longas conversas que tive o cuidado de partilhar hoje, com amigos e colegas. Não porque eles precisavam. Mas porque eu precisava.
Reconheço a origem deste tormento que teima em não me largar, e parece-me óbvio qual é. O problema da desilusão surge do exagero das ilusões. Mas a verdade é que eu nunca soube que era um exagero, se não nunca teria tido ilusões. Se fossem de facto um exagero, então teria sonhos. Mas não o eram. Todos os meus desejos e projectos eram ilusões. Ilusões possíveis de se concretizarem. E apesar de lhes chamar ilusões, ainda assim, tinham hipóteses de se acontecerem.
A minha mente raciocinou, montou e calculou. Para chegar a uma resposta logicamente certa, toda a minha consciência virou um exercício matemático, e o resultado foi positivo. O futuro parecia ser aquele que eu queria. E mesmo assim, assumi que eram ilusões. Assumi que andava a elucidar as minhas ideias e a toldar a visão da realidade. E fi-lo, porque num último acto de puro êxtase, acreditei que as coisas iam correr como eu queria. Não fosse a realidade bater-me de frente, e mostrar quem manda.
Agora que vejo, entendo a desilusão. Parece-me comum e justo ter projectos que no fim, serão apenas mais um documento numa longa biblioteca de falhanços. Não me posso queixar, nem mesmo elogiar, pelas minhas ideias. São ideias com um início em todos os intelectuais que estudei e revi, mas no fim, tudo ia dar a mim. O meu projecto, o meu mundo de hipóteses. A minha visão de algo diferente. Algo melhor. E as minhas ilusões, que cheguei mesmo a pensar no sucesso de tal empresa, simplesmente falharam.
E agora que contemplo tudo isto que jurei erguer, com o meu suor e voz, vejo que tudo não passa de uma enorme desilusão. Que enquanto montava as minhas ilusões, os meus projectos e os meus sucessos, não julguei que poderia falhar. Enquanto corria no meu pensar festas e comemorações, quem sabe brindes até não poder mais, não considerei a hipótese de tudo correr mal. Agora, tudo caiu. Tudo o que quis caiu. E as ilusões com que me enchi tornaram-se uma droga, que me faz vergonha só de ver.
E enquanto a desilusão se apodera de mim, não controlo mais quem sou, muito menos quem jurei ser. E assim, desiludido e caído pelo peso do falhanço de quem infelizmente sou, sinto uma nova cor em mim. Um novo sentimento, que ainda me deixa sentir a desilusão, e ainda assim, explora novos terrenos no meu ser. Este sentimento magoa, mais do que qualquer ilusão. Este sentimento causa-me marcas e feridas. E a larga cicatriz que desenha agora no meu peito, como assinatura de uma obra de arte acabada, chama-se Dor. E dói, dói muito.

Sorriso Ingrato – 15.05.09

sábado, 2 de maio de 2009

O meu voar

O meu voar é o meu sonho, voar fazia-me feliz.
Ai, se eu pudesse voar, eu não estava aqui, eu ia por aqui e por ali até encontrar o meu sitio ideal, e nem ai pousava. Ficava a olhar e a apreciar, se pousasse podia deixar de ser perfeito, e eu quero algo perfeito. Voar fazia-me perfeita. No ar toda a gente é estrela.

Mentir

A minha maior mentira é fingir ser. Todos os dias eu minto. Eu minto-te. Minto a toda a gente. Minto a quem quer ser enganado e quem não quer. Eu sei que também me mentem, mentir é humano. Mentir é necessidade. Eu minto por não saber ser eu, minto pela falta do que me faz dizer a verdade. Quem não mente?