Desilusão, raiz dos únicos problemas que me atormentam neste momento. Neste preciso momento. Tudo o resto para mim não é nada. A desilusão é a única coisa que existe. E é a fonte, da dor de cabeça que tenho, do meu estado de espírito actual, e das longas conversas que tive o cuidado de partilhar hoje, com amigos e colegas. Não porque eles precisavam. Mas porque eu precisava.
Reconheço a origem deste tormento que teima em não me largar, e parece-me óbvio qual é. O problema da desilusão surge do exagero das ilusões. Mas a verdade é que eu nunca soube que era um exagero, se não nunca teria tido ilusões. Se fossem de facto um exagero, então teria sonhos. Mas não o eram. Todos os meus desejos e projectos eram ilusões. Ilusões possíveis de se concretizarem. E apesar de lhes chamar ilusões, ainda assim, tinham hipóteses de se acontecerem.
A minha mente raciocinou, montou e calculou. Para chegar a uma resposta logicamente certa, toda a minha consciência virou um exercício matemático, e o resultado foi positivo. O futuro parecia ser aquele que eu queria. E mesmo assim, assumi que eram ilusões. Assumi que andava a elucidar as minhas ideias e a toldar a visão da realidade. E fi-lo, porque num último acto de puro êxtase, acreditei que as coisas iam correr como eu queria. Não fosse a realidade bater-me de frente, e mostrar quem manda.
Agora que vejo, entendo a desilusão. Parece-me comum e justo ter projectos que no fim, serão apenas mais um documento numa longa biblioteca de falhanços. Não me posso queixar, nem mesmo elogiar, pelas minhas ideias. São ideias com um início em todos os intelectuais que estudei e revi, mas no fim, tudo ia dar a mim. O meu projecto, o meu mundo de hipóteses. A minha visão de algo diferente. Algo melhor. E as minhas ilusões, que cheguei mesmo a pensar no sucesso de tal empresa, simplesmente falharam.
E agora que contemplo tudo isto que jurei erguer, com o meu suor e voz, vejo que tudo não passa de uma enorme desilusão. Que enquanto montava as minhas ilusões, os meus projectos e os meus sucessos, não julguei que poderia falhar. Enquanto corria no meu pensar festas e comemorações, quem sabe brindes até não poder mais, não considerei a hipótese de tudo correr mal. Agora, tudo caiu. Tudo o que quis caiu. E as ilusões com que me enchi tornaram-se uma droga, que me faz vergonha só de ver.
E enquanto a desilusão se apodera de mim, não controlo mais quem sou, muito menos quem jurei ser. E assim, desiludido e caído pelo peso do falhanço de quem infelizmente sou, sinto uma nova cor em mim. Um novo sentimento, que ainda me deixa sentir a desilusão, e ainda assim, explora novos terrenos no meu ser. Este sentimento magoa, mais do que qualquer ilusão. Este sentimento causa-me marcas e feridas. E a larga cicatriz que desenha agora no meu peito, como assinatura de uma obra de arte acabada, chama-se Dor. E dói, dói muito.
Sorriso Ingrato – 15.05.09
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