Espontaneamente recordei a minha infância numa segunda-feira à tarde quando uma criança exclamou o meu nome: “João! João!”; era o Manuel, um rapazito de apenas 4 anos de idade, aluno da minha mãe que, sem razão aparente, adora-me (provavelmente por ser filho da sua educadora, mas este é outro assunto). Correu até mim, abraçou-me nas pernas, olhou-me e esboçou aquele sorriso tão inocente e característico de uma criança. Tão contagioso é este sorriso que, automaticamente, nos faz sorrir com eles.
Mergulhei então, nesse preciso momento, em pensamentos e viajei em memórias da então minha infância. Tão rapidamente estas passavam – curiosa semelhança com a realidade – que muitas não eram nítidas, assemelhavam-se a um misto de nevoeiro e eu mirava a sua imensidão, como se aguardando pelo regresso de D. Sebastião, onde D. Sebastião, aqui, é a infância que nunca mais retornará.
Tomei consciência das saudades que tinha do tempo em que fora criança…tudo tão simples, tudo tão puro, sem mal… Tudo era simplesmente o que tudo representava; um sonho não passava de um sonho e não um sinal vindo de uma força maior; a flor que via era a flor que defronte de mim estava e não o símbolo do verdadeiro amor, como muitos ousam afirmar; palavras eram nada mais que palavras e não os jogos de sedução e mistério que hoje, muitas vezes, representam, sempre com um segundo sentido por trás.
Existe sim uma simplicidade de vida sem qualquer filosofia. Erro meu. Existe sim uma filosofia, embora inconsciente, divertir-se o mais possível, quer nas aulas como em casa e na rua, em qualquer sítio que seja.
Como gostava de regressar ao passado e possuir a inconsciente consciência que na infância se é dono e senhor, tal como a alegre ceifeira que Pessoa nos relata nos seus versos:” Ah, poder ser tu sendo eu! / Ter a tua alegre inconsciência, / E a consciência disso! […]”- todavia trata-se de uma personagem fictícia. E a pensar em Pessoa regressei à realidade, dando por mim com o Manuel a puxar a minha calça alegremente dizendo: “O João está quase a dormir!”, e inevitavelmente solto um riso, abaixo-me, olho para ele e vejo que não é tão inconsciente. Despeço-me dele com um beijo na testa, volto costas, ouço em coro os meninos da minha mãe dizerem “Adeus João!”, relembro-me da minha turma dos 3 aos 6 anos, agora apenas restam memórias, e digo para comigo mesmo: “ Ah! Bons e velhos tempos…”.
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
A minha Infância
Tive uma boa infância. E por isso, estou grato aos meus pais. Sempre souberam cuidar de mim. Estar ao meu lado. Perguntar se estou bem, se preciso de ajuda. E vivi a infância que gostaria que todos vivessem um dia. Uma infância feliz, sem dar pelo tempo passar. Passada com calma e plenitude. Sorria muito, quando era criança. Penso que a origem de toda a minha felicidade infantil, provém da simples maneira que levei a minha curta infância. Sempre fui reservado. Sem grandes aparatos. Com amigos leais e uma mentalidade aberta. Cresci longe de toda a violência e transgressão contínua que o mundo faz, dia e noite. Cresci num lugar cheio de cores vivas e apelantes, sem barulho e sem pressas. Não me lembro de muitas coisas da minha infância. Mas as poucas coisas que me lembro, enchem-me de um calor e satisfação inevitável. Fui feliz enquanto criança, isso, ninguém me tira.
Mas não sou feliz hoje. Hoje penso muito. Hoje confunde-me o espírito, todos os problemas da actualidade. A violência, sempre desproporcionada. A alma, sempre suja e mal-educada. As crianças a crescerem num mundo electrónico e hiper-sónico. Ficam no seu canto. Agarradas a uma amizade com cores vivas, mas sem contacto humano. Satisfazem-se pelos pontos e recordes que conseguem ultrapassar, num jogo virtual, impessoal, irreal. Não foi assim que cresci. Não é assim que quero que cresça a nova geração. Mas não me cabe a mim decidir. Por mim, apenas gostava de lhes poder contar a minha história. Gostava de lhes dizer que fui feliz, outrora, quando era criança. Gostava de lhes dizer as mil e uma aventuras que partilhei com amigos, que hoje ignoro onde estão. Não me preocupa não saber o paradeiro desses amigos que julgava eternos. Quando se é criança tudo é eterno. Sentimos que a felicidade é certa e para sempre. Que os nossos pais vão estar sempre ao nosso lado. Que todos os natais vão ser recheados de embrulhos de papel, e de prendas maiores que o nosso tamanho. Que todos os dias vão ter uns minutos para estudar e uns minutos para brincar. Que a ida ao parque mais próximo é uma diversão autentica. Que somos felizes, para sempre. Gostava de pensar assim. Gostava de poder dizer que sou feliz. Mas não sou.
Da minha infância guardo apenas boas recordações. Guardo sorrisos e memória, apenas minhas. Não as dou a mais ninguém. Fui feliz. E consigo sorrir, quando penso no passado. Mas o passado já passou. Hoje sou adulto. Hoje encaro a realidade em números e figuras. Já não tenho cores alegres no meu caminho. Já não tenho sonhos, sempre diferentes e sorridentes. Já não tenho natais recheados de embrulhos e prendas gigantes. Já não tenho uma felicidade insuperável, imparável, eterna. Mas sei que fui feliz enquanto criança. E isso, ninguém me tira.
29.10.08
Mas não sou feliz hoje. Hoje penso muito. Hoje confunde-me o espírito, todos os problemas da actualidade. A violência, sempre desproporcionada. A alma, sempre suja e mal-educada. As crianças a crescerem num mundo electrónico e hiper-sónico. Ficam no seu canto. Agarradas a uma amizade com cores vivas, mas sem contacto humano. Satisfazem-se pelos pontos e recordes que conseguem ultrapassar, num jogo virtual, impessoal, irreal. Não foi assim que cresci. Não é assim que quero que cresça a nova geração. Mas não me cabe a mim decidir. Por mim, apenas gostava de lhes poder contar a minha história. Gostava de lhes dizer que fui feliz, outrora, quando era criança. Gostava de lhes dizer as mil e uma aventuras que partilhei com amigos, que hoje ignoro onde estão. Não me preocupa não saber o paradeiro desses amigos que julgava eternos. Quando se é criança tudo é eterno. Sentimos que a felicidade é certa e para sempre. Que os nossos pais vão estar sempre ao nosso lado. Que todos os natais vão ser recheados de embrulhos de papel, e de prendas maiores que o nosso tamanho. Que todos os dias vão ter uns minutos para estudar e uns minutos para brincar. Que a ida ao parque mais próximo é uma diversão autentica. Que somos felizes, para sempre. Gostava de pensar assim. Gostava de poder dizer que sou feliz. Mas não sou.
Da minha infância guardo apenas boas recordações. Guardo sorrisos e memória, apenas minhas. Não as dou a mais ninguém. Fui feliz. E consigo sorrir, quando penso no passado. Mas o passado já passou. Hoje sou adulto. Hoje encaro a realidade em números e figuras. Já não tenho cores alegres no meu caminho. Já não tenho sonhos, sempre diferentes e sorridentes. Já não tenho natais recheados de embrulhos e prendas gigantes. Já não tenho uma felicidade insuperável, imparável, eterna. Mas sei que fui feliz enquanto criança. E isso, ninguém me tira.
29.10.08
segunda-feira, 27 de outubro de 2008
Foi isto a minha infância
Infância... ... respirei fundo. Saudades. Tão feliz. Cheia de tudo a que as crianças têm direito e por inocência sabem sentir.
Era "meia maria rapaz" diziam... Chegava a casa, deveres feitos de pé para sair a correr e gastar o resto do dia a brincar.
Era a mais nova da família.
Foi isto a minha infância... ser feliz sem me preocupar em ser.
sexta-feira, 24 de outubro de 2008
Quem me marcou: Alguém e ninguém
Sinto verdadeiramente que fui marcado por todas as pessoas que conheci, ao longo da minha vida. Um pouco ou muito, cada uma tocou-me de uma maneira diferente, e contudo pertinente. E acredito verdadeiramente que todos os encontros diários que tenho, mesmo que breves, servem para moldar a minha personalidade e pessoa. Todos eles alteraram a minha maneira de encarar os meus defeitos, os meus desafios e a minha maneira de enfrentar a difícil jornada que é a vida. Mas, mesmo assim, é justo e óbvio admitir, que fui marcado verdadeiramente, por uma pequena raridade de sujeitos. Não os vou enunciar, pois seria injusto simplesmente mencionar os seus nomes. Teria de explicar o que cada um fez por mim. O que cada um, mesmo sem saber, contribuiu para eu hoje ser quem sou. Estou-lhes grato e uma parte de mim gostaria de os recompensar, de alguma maneira. Mas qual a melhor maneira de recompensar as pessoas que se esforçaram para me ajudarem? Como melhor agradecer a todas as pessoas que fizeram a minha permanência no planeta terra, ser mais proveitosa e bem sucedida? Será possível dar graças ás pessoas que me marcaram? Porque, para ser sincero, nem todas as pessoas que me marcaram, são bem-vindas na minha mente. Não guardo boas recordações do primeiro namoro falhado. Não guardo recordações calorosas de todos os amigos que perdi. Não guardo sorrisos e fotos falseadas de todos os momentos que passei com gente que hoje desconheço o seu paradeiro. Somos marcados por muita gente ao longo da nossa vida, mas nem sempre somos marcados pelo lado positivo. Por vezes somos marcados ao ponto de deixarmos uma cicatriz impossível de esconder.
Gosto de quem sou, e não me arrependo de nada. Mas reconheço sem problemas, que hoje sou como sou, por culpa de alguns sujeitos. Alguns sujeitos aos quais nunca pedi ajuda, atenção ou amizade. Não lhes vou rogar pragas ou mencionar os seus nomes com uma certa angústia. Não. Apenas gostaria de lhes dizer que não estava preparado para os vossos conselhos. Sempre me vi como uma criança. E todas as pessoas que me marcaram, não o fizeram porque eram inteligentes e cientes dos meus problemas. Apenas me marcaram porque eu estava um passo atrás delas. O que fizeram foi apenas falarem comigo. Foi apenas dizerem as suas perspectivas de vida. Foi apenas falarem e ouvirem o que tinha para dizer. Todas as conversas que tive, onde partilhei sentimentos, confissões e experiencias de vida, posso dizer sem problemas que me influenciaram para hoje ser quem sou. Não estou grato pela coragem e visão astral de todas as pessoas que conversei. Estou antes grato pela vossa pertinência e vontade de falarem. Porque é graças a vocês que hoje sou como sou. Que hoje vejo o mundo como vejo. Que hoje acredito no que acredito. Estou grato a todas as pessoas que me deram lições de moral, mesmo quando me recusava a ouvi-las. Estou grato a todas as pessoas que me juraram eterna amizade, pois concederam-me uma hipocrisia imperdoável para com a realidade. Estou grato a todas as pessoas que me assustaram e me maltrataram, pois deram-me força para perceber que há sempre alguém mais forte que nós e que apesar de tudo, não devemos desistir. E eu não desisti. Ainda aqui estou. E hoje sou o produto de todas as pessoas que me marcaram. Desde a criança sentada no banco do café, hoje de manhã. Ao velho rabugento a passear à tarde, na rua alcatroada junto à minha casa. Cada pessoa que vejo, revejo e desejo, ajuda-me a ser mais eu. A acordar. A mudar e a crescer. Guardo no coração, o nome de todas as pessoas que lembro e recordo variadas vezes pelo que fizeram por mim, mesmo sem terem consciência de tudo o que representam para mim. Guardo na vida, todas as pessoas que constantemente me acordaram e me fizeram acreditar que o mundo é um lugar vasto e merecedor do nosso esforço. Anseio pelo futuro. Por todas as pessoas com as quais vou um dia me cruzar, marcar e ser marcado. Com as quais vou chorar, alegrar e mudar a minha vida, mesmo sem saber.
24.10.08
Gosto de quem sou, e não me arrependo de nada. Mas reconheço sem problemas, que hoje sou como sou, por culpa de alguns sujeitos. Alguns sujeitos aos quais nunca pedi ajuda, atenção ou amizade. Não lhes vou rogar pragas ou mencionar os seus nomes com uma certa angústia. Não. Apenas gostaria de lhes dizer que não estava preparado para os vossos conselhos. Sempre me vi como uma criança. E todas as pessoas que me marcaram, não o fizeram porque eram inteligentes e cientes dos meus problemas. Apenas me marcaram porque eu estava um passo atrás delas. O que fizeram foi apenas falarem comigo. Foi apenas dizerem as suas perspectivas de vida. Foi apenas falarem e ouvirem o que tinha para dizer. Todas as conversas que tive, onde partilhei sentimentos, confissões e experiencias de vida, posso dizer sem problemas que me influenciaram para hoje ser quem sou. Não estou grato pela coragem e visão astral de todas as pessoas que conversei. Estou antes grato pela vossa pertinência e vontade de falarem. Porque é graças a vocês que hoje sou como sou. Que hoje vejo o mundo como vejo. Que hoje acredito no que acredito. Estou grato a todas as pessoas que me deram lições de moral, mesmo quando me recusava a ouvi-las. Estou grato a todas as pessoas que me juraram eterna amizade, pois concederam-me uma hipocrisia imperdoável para com a realidade. Estou grato a todas as pessoas que me assustaram e me maltrataram, pois deram-me força para perceber que há sempre alguém mais forte que nós e que apesar de tudo, não devemos desistir. E eu não desisti. Ainda aqui estou. E hoje sou o produto de todas as pessoas que me marcaram. Desde a criança sentada no banco do café, hoje de manhã. Ao velho rabugento a passear à tarde, na rua alcatroada junto à minha casa. Cada pessoa que vejo, revejo e desejo, ajuda-me a ser mais eu. A acordar. A mudar e a crescer. Guardo no coração, o nome de todas as pessoas que lembro e recordo variadas vezes pelo que fizeram por mim, mesmo sem terem consciência de tudo o que representam para mim. Guardo na vida, todas as pessoas que constantemente me acordaram e me fizeram acreditar que o mundo é um lugar vasto e merecedor do nosso esforço. Anseio pelo futuro. Por todas as pessoas com as quais vou um dia me cruzar, marcar e ser marcado. Com as quais vou chorar, alegrar e mudar a minha vida, mesmo sem saber.
24.10.08
domingo, 19 de outubro de 2008
marcador de vida
Pus-me a pensar em quem comigo me constrói e vai moldando a vida. Somos muitos a construirmo-nos, a desenharmo-nos… uns riscos mais certos que outros, mas todos fazem parte.
E no lado quase mágico da vida, aquele que só o coração percebe em dias em dias bonitos, encontro Deus. Ele é a resposta. Marca-me todos os dias, torna-me sempre mais forte e feliz e oferece-me pessoas lindas, especiais que me pertencem e fazem chorar e sorrir… que me toca, fundo e ensinam a sentir. Ele que nunca conhecerei bem, mas que reconhecerei sempre, é o marcador da Vida.
E no lado quase mágico da vida, aquele que só o coração percebe em dias em dias bonitos, encontro Deus. Ele é a resposta. Marca-me todos os dias, torna-me sempre mais forte e feliz e oferece-me pessoas lindas, especiais que me pertencem e fazem chorar e sorrir… que me toca, fundo e ensinam a sentir. Ele que nunca conhecerei bem, mas que reconhecerei sempre, é o marcador da Vida.
sábado, 18 de outubro de 2008
Quem me marcou
O tempo passa. Cada ano que se segue aparenta ter chegado ainda mais cedo que o anterior e assim sendo envelhecemos, novas pessoas conhecemos, novos momentos passamos, novos laços se criam, alguns se desfazem, outros mantêm-se e assim prossegue o ciclo da nossa vida. Ao longo destes anos, que o meu corpo e mente carregam, vim a conhecer um número grande e, portanto, incerto de pessoas, das quais muitas se arredaram e outras, um número mais modesto, que permanecem e fazem ainda parte da minha vida, contudo, todas contribuíram para o indivíduo que hoje sou e, por mais que o tempo passe, não as irei esquecer, pelo menos grande parte.
Apesar do amor e amizade incondicionais que nutro por todos, apenas uma alma, ainda hoje, me consegue surpreender constantemente por actos, palavras e gestos. Como consegue ela me surpreender de tal forma? Seria complicado descrevê-lo numa modesta redacção. O que posso dizer é que é alguém especial que marcou e me tem marcado ao longo dos anos. É uma amizade única que, honestamente, espero que assim permaneça. A amizade é um sentimento nobre, inigualável, e, talvez, ela não saiba o quanto é importante para mim, quiçá pela simples ausência de palavras que expressem essa mesma importância, esse “estatuto” que tem no meu quotidiano. É possível que não o diga, e talvez nunca o venha a dizer, por embaraço ou pelo simples facto de supor que ela não acreditaria em mim, contudo, saber e sentir apenas o quanto a adoro, sem nunca o ter dito, regozija-me. Laura, é seu nome.
Apesar do amor e amizade incondicionais que nutro por todos, apenas uma alma, ainda hoje, me consegue surpreender constantemente por actos, palavras e gestos. Como consegue ela me surpreender de tal forma? Seria complicado descrevê-lo numa modesta redacção. O que posso dizer é que é alguém especial que marcou e me tem marcado ao longo dos anos. É uma amizade única que, honestamente, espero que assim permaneça. A amizade é um sentimento nobre, inigualável, e, talvez, ela não saiba o quanto é importante para mim, quiçá pela simples ausência de palavras que expressem essa mesma importância, esse “estatuto” que tem no meu quotidiano. É possível que não o diga, e talvez nunca o venha a dizer, por embaraço ou pelo simples facto de supor que ela não acreditaria em mim, contudo, saber e sentir apenas o quanto a adoro, sem nunca o ter dito, regozija-me. Laura, é seu nome.
segunda-feira, 13 de outubro de 2008
Vinte de Outubro de dois mil e sete
20-10-2007:
Um dia especial, um dia diferente, um dia de tango argentino na Aula Magna, início marcado às 18h. Contudo, a dança já tomara início muito antes deste horário e noutro local, este não muito longe..
Na Quinta das Conchas começara o tango, no décimo andar de um prédio. À saída do elevador, a caminho da sua entrada, ouvia-se já a música, não (!), várias introduções de músicas distintas e semelhantes, todas dentro do mesmo tópico, o tango. O libertango, a Primavera porteña de Piazzola e a famosa La cumparcita, eram estes os sons que ecoavam no ar; batera à porta, ela abrira - o tango tomara início!
Um sorriso e um olhar meigo, que tão bem a caracterizam, manifestaram-se face à minha presença; as palavras que proferia, a cada momento que passava, sempre certas saíam daquela boca, fina e perfeita, à medida que o diálogo avançava; era uma dança perfeita, um tango perfeito, os passos sempre certos numa coreografia nunca antes ensaiada.
O percurso para o espectáculo, em dias como os outros, seria o infeliz e sórdido tédio habitual – a monotonia da espera pelo metro, os rostos sérios e fechados das pessoas ao redor, os olhares desconfiados e curiosos, penetrantes quando cruzados, o ar respirado, poluído e cheio, cheio de perguntas, palavras, momentos passados, agradáveis ou não – porém a espera pelo metro foi intrigante, o que nunca sentira antes numa modesta viajem pelos espaços subterrâneos da cidade, os rostos fechados e sérios não existiam, o rosto, o olhar eram apenas de uma só pessoa, dela; cada inalação de ar era sinal de vida e lucidez pelo momento, tanto da caminhada como da entrada para a magnânima Aula Magna e pelo belíssimo espectáculo que nos aguardava; espectáculo já antes iniciado – entrelaçámos as mãos – a dança prosseguira.
Final do soberbo espectáculo na Aula Magna, prosseguimento do inacabado. Lado a lado, ao crepúsculo, olhávamos o céu, as árvores, as folhas, os carros a circular, as pessoas a saírem, desorientadas face à pressa uma vez que, provavelmente, tinham de chegar a casa ou a outro local qualquer após tão belo serão, até que os olhares destes dois inocentes jovens se cruzaram – o medo, o receio, a ânsia, o nervosismo, a esperança, a euforia, a indecisão e impulsividade, o pânico, a paixão…ah a paixão, o tango…a dança da eterna paixão e sedução, o drama, o sentimento, o contacto, o ritmo…a paixão, o seu elemento essencial, o seu alimento e o seu resultado. Todavia nada foi para além de uma mera troca de olhares, pois o momento terminara, as luzes se apagaram, o espectáculo terminara, os olhares se afastaram, o barulho dos tambores terminara, a dança, o tango que pelo dia se prolongara, acabara – ela partira…
Um dia especial, um dia diferente, um dia de tango argentino na Aula Magna, início marcado às 18h. Contudo, a dança já tomara início muito antes deste horário e noutro local, este não muito longe..
Na Quinta das Conchas começara o tango, no décimo andar de um prédio. À saída do elevador, a caminho da sua entrada, ouvia-se já a música, não (!), várias introduções de músicas distintas e semelhantes, todas dentro do mesmo tópico, o tango. O libertango, a Primavera porteña de Piazzola e a famosa La cumparcita, eram estes os sons que ecoavam no ar; batera à porta, ela abrira - o tango tomara início!
Um sorriso e um olhar meigo, que tão bem a caracterizam, manifestaram-se face à minha presença; as palavras que proferia, a cada momento que passava, sempre certas saíam daquela boca, fina e perfeita, à medida que o diálogo avançava; era uma dança perfeita, um tango perfeito, os passos sempre certos numa coreografia nunca antes ensaiada.
O percurso para o espectáculo, em dias como os outros, seria o infeliz e sórdido tédio habitual – a monotonia da espera pelo metro, os rostos sérios e fechados das pessoas ao redor, os olhares desconfiados e curiosos, penetrantes quando cruzados, o ar respirado, poluído e cheio, cheio de perguntas, palavras, momentos passados, agradáveis ou não – porém a espera pelo metro foi intrigante, o que nunca sentira antes numa modesta viajem pelos espaços subterrâneos da cidade, os rostos fechados e sérios não existiam, o rosto, o olhar eram apenas de uma só pessoa, dela; cada inalação de ar era sinal de vida e lucidez pelo momento, tanto da caminhada como da entrada para a magnânima Aula Magna e pelo belíssimo espectáculo que nos aguardava; espectáculo já antes iniciado – entrelaçámos as mãos – a dança prosseguira.
Final do soberbo espectáculo na Aula Magna, prosseguimento do inacabado. Lado a lado, ao crepúsculo, olhávamos o céu, as árvores, as folhas, os carros a circular, as pessoas a saírem, desorientadas face à pressa uma vez que, provavelmente, tinham de chegar a casa ou a outro local qualquer após tão belo serão, até que os olhares destes dois inocentes jovens se cruzaram – o medo, o receio, a ânsia, o nervosismo, a esperança, a euforia, a indecisão e impulsividade, o pânico, a paixão…ah a paixão, o tango…a dança da eterna paixão e sedução, o drama, o sentimento, o contacto, o ritmo…a paixão, o seu elemento essencial, o seu alimento e o seu resultado. Todavia nada foi para além de uma mera troca de olhares, pois o momento terminara, as luzes se apagaram, o espectáculo terminara, os olhares se afastaram, o barulho dos tambores terminara, a dança, o tango que pelo dia se prolongara, acabara – ela partira…
Na esperança que esse momento algum dia se repita
Lembrar-nos de toda a vida é impossível, se calhar injustamente, se a vivemos por inteiro porque não também toda a relembrar? Cada instante, bom, mau ou simplesmente indiferente e que em nada nos mudou. Mas involuntariamente fazem-me fazer essa selecção entre os momentos que guardamos ou aqueles que são atirados fora, esquecidos como a vida, a nossa vida, por eles não tivesse soprado.
Mas por vezes ficam coladas à retina aquele segundo em que tudo se conjugou na perfeição em que nada mais se poderia pedir, em que nada de diferente poderia querer.
A província que me deixa pôr as leituras em dia e aproveitar alguns passeios descansados em tempo de veraneio pouco parecida ter para oferecer. Depois e uma semana de festa divertida e barulhenta, a calma regressava, o deserto tornava-se de novo o estado natural daquela aldeia perdida e que me deixava sempre estar só eu, o livro e musica que era debitava. Estar em férias é não ter que olhar para o relógio, não ter que viver em função de ritmos impostos, por isso era tarde, era aquele final de tarde que inexplicavelmente me trazia o a linha ao fundo como nunca a pensei que a poderia ver, que jamais a descobriria em qualquer outro lado. Laranja e lilás ao mesmo tempo, ventosa que fazia vibrar as sementes dos campos que à frente ficavam e ameaçava a velha videira que tanta sombra me dera naquela tarde. Momento de indolência total, que me estava fazer cair no mais patético naturalismo, que me fazia admirar um campo e uma província da qual sempre me senti distante. Talvez estivesse embriagado pelo livro que à minha frente lia, mas aquele segundo, fez-me querer voltar lá todos os anos, sempre à espera e em busca daquele momento, que sabendo que foi único, um dia asseio que se possa repetir.
Mas por vezes ficam coladas à retina aquele segundo em que tudo se conjugou na perfeição em que nada mais se poderia pedir, em que nada de diferente poderia querer.
A província que me deixa pôr as leituras em dia e aproveitar alguns passeios descansados em tempo de veraneio pouco parecida ter para oferecer. Depois e uma semana de festa divertida e barulhenta, a calma regressava, o deserto tornava-se de novo o estado natural daquela aldeia perdida e que me deixava sempre estar só eu, o livro e musica que era debitava. Estar em férias é não ter que olhar para o relógio, não ter que viver em função de ritmos impostos, por isso era tarde, era aquele final de tarde que inexplicavelmente me trazia o a linha ao fundo como nunca a pensei que a poderia ver, que jamais a descobriria em qualquer outro lado. Laranja e lilás ao mesmo tempo, ventosa que fazia vibrar as sementes dos campos que à frente ficavam e ameaçava a velha videira que tanta sombra me dera naquela tarde. Momento de indolência total, que me estava fazer cair no mais patético naturalismo, que me fazia admirar um campo e uma província da qual sempre me senti distante. Talvez estivesse embriagado pelo livro que à minha frente lia, mas aquele segundo, fez-me querer voltar lá todos os anos, sempre à espera e em busca daquele momento, que sabendo que foi único, um dia asseio que se possa repetir.
domingo, 12 de outubro de 2008
Um dia de muitos dias
Lembro-me de dias por pedaços. Dias inteiros que ficaram sempre em mim e que me farão acordar diferente sempre.
São muitos os dias diferentes, mais difíceis, mais bonitos, mais cheios de nós e que nos enchem de sentir(es) estranho(s) que mexem qualquer coisa cá dentro que acalma e agita o coração.
Mas há um dia cheio. Não perfeito, mas cheio de tudo. Começou como os outros, com o som do despertador a descolar as pálpebras. Estava quente. A voz fria e indiferente solta, sem parar, a notícia. Morreu. O dia alonga-se na normalidade das horas. Os olhos pesam sem ter sono, só cansaço. Tristeza. Preciso, sem pedir, de palavras… outras… não sei quais.
Finalmente em casa.
Sem vontade, mas com consciência, abro a caixa de endereço electrónico. Uma mensagem linda, daquelas “lamechas” mas que sabem bem. Reparo nas horas. Parece coincidência.
À noite, procurei as estrelas. Céu limpo. Sem estrelas. Deito-me e fecho os olhos… assim esperava o escuro. O pensamento não sabe em que pensar. O sentimento tropeça nas voltas da vida. A vontade de um abraço vence. Toca o telemóvel, chegam aquelas palavras. Mimos. Puro carinho. “Tenho a certeza que estás com um sorriso lindo…” faz-me sorrir.
Afinal havia estrelas.
São muitos os dias diferentes, mais difíceis, mais bonitos, mais cheios de nós e que nos enchem de sentir(es) estranho(s) que mexem qualquer coisa cá dentro que acalma e agita o coração.
Mas há um dia cheio. Não perfeito, mas cheio de tudo. Começou como os outros, com o som do despertador a descolar as pálpebras. Estava quente. A voz fria e indiferente solta, sem parar, a notícia. Morreu. O dia alonga-se na normalidade das horas. Os olhos pesam sem ter sono, só cansaço. Tristeza. Preciso, sem pedir, de palavras… outras… não sei quais.
Finalmente em casa.
Sem vontade, mas com consciência, abro a caixa de endereço electrónico. Uma mensagem linda, daquelas “lamechas” mas que sabem bem. Reparo nas horas. Parece coincidência.
À noite, procurei as estrelas. Céu limpo. Sem estrelas. Deito-me e fecho os olhos… assim esperava o escuro. O pensamento não sabe em que pensar. O sentimento tropeça nas voltas da vida. A vontade de um abraço vence. Toca o telemóvel, chegam aquelas palavras. Mimos. Puro carinho. “Tenho a certeza que estás com um sorriso lindo…” faz-me sorrir.
Afinal havia estrelas.
sábado, 11 de outubro de 2008
Um dia que me marcou
Estava no passeio. Ao meu lado, o meu primo mais novo. Estávamos a caminhar para uma feira do livro. Para o meu primo, era completamente indiferente o destino dessa noite. Não sabe ler. Para ele, os livros bons, são os que têm muitas imagens. É novo. Por vezes, em graça, perguntamos se quer aprender a ler. E com uma sinceridade nua e crua, responde que não. Responde que os adultos nunca têm tempo para brincar, pois estão sempre a ler e a escrever. Vê na escrita, o fim do seu lado infantil. Não me preocupo. Sei que um dia vai aprender a ler e a escrever.
O passeio continua. Ao longe avistamos a feira do livro. Mas o caminho ainda é longo. Passam carros, não muito longe. Gente passa de um lado para o outro. Barulho e confusão misturam-se. Uns gritos, uns passos, uns risos. Não me consigo abstrair. Tantas faces diferentes. Tanta gente, tanta mente. Procuro algum lugar calmo e sossegado para olhar. Mas nada me acalma. Os prédios são coloridos e altos, mas mortos de gente e emoção. A estrada é alcatroada, com uma cor gasta e negra. O passeio é sujo de beatas e desgosto. Não encontro nada belo para olhar. O rio passa, não muito longe de mim. Pego no meu primo e afasto-me da minha sociedade vendida. Olho para a água. Alguns peixes bóiam, mortos. A água é suja e poluída. Ninguém à minha volta admira a água. Chamam-me, a mim e ao meu primo. Voltamos para o nosso passeio para a feira do livro.
Encontro-me perdido. Não me sinto bem. Tanta gente. Tanta criação humana. Sem propósito, significado ou beleza. Está tudo gasto e usado. As caras frustradas e cansadas. Não gosto de estar aqui. Preciso de algo calmo para olhar. À minha volta é tudo estranho e feio. Preocupo-me com o meu olhar. Preocupo-me com o mundo estranho onde habito. Preocupo-me… “Olha um pássaro.” Acordo desta perdição mental. O meu primo avista um pássaro. “Onde?” Procuro pelo pássaro, mas não vejo nenhum. Ele aponta, sorridente. Olho uma e outra vez. Nada. Só carros. Gente. Caras desconhecidas. Barulho. Uma sirene ao longe. Mas nada de calmo e belo. Nada bonito de se ver. O meu primo insiste.
Subitamente, avisto o pequeno pássaro. Em cima de um ferro, de um edifício por concluir. Não está muito longe de mim. Consigo distinguir a sua cor castanha. De um castanho vivo, que nenhum edifício consegue reproduzir. Com um olhar descontraído, simples, quase que humano. Mais humano que todos os olhares drogados e excitados que se cruzam à minha volta. E subitamente, voa. O meu primo mais novo, ainda mantém o olhar sobre o pequeno pássaro. Estica as asas e voa alto. Com uma liberdade que nunca experienciei. Voa até lhe perder o rasto. Sorriu. Algo belo para alegrar a minha noite. Algo belo para recordar e acalmar o meu espírito, confuso e cansado. Fico, inesperadamente, feliz. O meu primo puxa a minha mão. “Vamos.” Caminhamos de novo, os dois juntos, no nosso passeio alegre e feliz para a feira do livro.
11.10.08
O passeio continua. Ao longe avistamos a feira do livro. Mas o caminho ainda é longo. Passam carros, não muito longe. Gente passa de um lado para o outro. Barulho e confusão misturam-se. Uns gritos, uns passos, uns risos. Não me consigo abstrair. Tantas faces diferentes. Tanta gente, tanta mente. Procuro algum lugar calmo e sossegado para olhar. Mas nada me acalma. Os prédios são coloridos e altos, mas mortos de gente e emoção. A estrada é alcatroada, com uma cor gasta e negra. O passeio é sujo de beatas e desgosto. Não encontro nada belo para olhar. O rio passa, não muito longe de mim. Pego no meu primo e afasto-me da minha sociedade vendida. Olho para a água. Alguns peixes bóiam, mortos. A água é suja e poluída. Ninguém à minha volta admira a água. Chamam-me, a mim e ao meu primo. Voltamos para o nosso passeio para a feira do livro.
Encontro-me perdido. Não me sinto bem. Tanta gente. Tanta criação humana. Sem propósito, significado ou beleza. Está tudo gasto e usado. As caras frustradas e cansadas. Não gosto de estar aqui. Preciso de algo calmo para olhar. À minha volta é tudo estranho e feio. Preocupo-me com o meu olhar. Preocupo-me com o mundo estranho onde habito. Preocupo-me… “Olha um pássaro.” Acordo desta perdição mental. O meu primo avista um pássaro. “Onde?” Procuro pelo pássaro, mas não vejo nenhum. Ele aponta, sorridente. Olho uma e outra vez. Nada. Só carros. Gente. Caras desconhecidas. Barulho. Uma sirene ao longe. Mas nada de calmo e belo. Nada bonito de se ver. O meu primo insiste.
Subitamente, avisto o pequeno pássaro. Em cima de um ferro, de um edifício por concluir. Não está muito longe de mim. Consigo distinguir a sua cor castanha. De um castanho vivo, que nenhum edifício consegue reproduzir. Com um olhar descontraído, simples, quase que humano. Mais humano que todos os olhares drogados e excitados que se cruzam à minha volta. E subitamente, voa. O meu primo mais novo, ainda mantém o olhar sobre o pequeno pássaro. Estica as asas e voa alto. Com uma liberdade que nunca experienciei. Voa até lhe perder o rasto. Sorriu. Algo belo para alegrar a minha noite. Algo belo para recordar e acalmar o meu espírito, confuso e cansado. Fico, inesperadamente, feliz. O meu primo puxa a minha mão. “Vamos.” Caminhamos de novo, os dois juntos, no nosso passeio alegre e feliz para a feira do livro.
11.10.08
domingo, 5 de outubro de 2008
Objectivos de vida: todos e nenhuns
O carpe diem como ideal de vida nunca se me colou à pele, viver cada soluço sem ter noção do minuto seguinte criará sempre em mim uma ideia mais de caos do que qualquer organização acerca do que somos. Viver na corda bamba do não saber o que será amanhã sempre esteve muito longe de me fascinar. Mas os planos são relativos, tão relativos como o futuro, que nos é tão estranho, que muitas vezes somos incapaz de conjugar em qualquer verbo que seja, se calhar é uma característica comum de todos nós: subestimamos o futuro e agarramo-nos ao presente.
Não faço nem uma coisa nem outra, não acredito em planos contados ao segundo para as próximas décadas, em grandes projectos servidos em clichés como: “quero casar”, “quero ter filhos”, “quero ter uma casa mais isto ou mais aquilo”. Apenas digo que quero (talvez seja um sonho) fazer algo que verdadeiramente goste, talvez seja a minha eterna aversão à inutilidade a falar mais alto, mas não suportaria ficar refém de um futuro que me reservasse a apatia do nada ou do pouco gostar de fazer. Isso e guadar sempre tempo para os prazeres que me ocupam os dias, e para os outros que ainda estão por descobrir, é o que basta para que tudo o resto, que possa ou não desejar, venha então por arrasto.
Não faço nem uma coisa nem outra, não acredito em planos contados ao segundo para as próximas décadas, em grandes projectos servidos em clichés como: “quero casar”, “quero ter filhos”, “quero ter uma casa mais isto ou mais aquilo”. Apenas digo que quero (talvez seja um sonho) fazer algo que verdadeiramente goste, talvez seja a minha eterna aversão à inutilidade a falar mais alto, mas não suportaria ficar refém de um futuro que me reservasse a apatia do nada ou do pouco gostar de fazer. Isso e guadar sempre tempo para os prazeres que me ocupam os dias, e para os outros que ainda estão por descobrir, é o que basta para que tudo o resto, que possa ou não desejar, venha então por arrasto.
sábado, 4 de outubro de 2008
Sonho e objectivo
Após o tema inicial e a introspecção exigida, agora pertinentemente se questiona o(s) objectivo(s) de vida de cada um. Pois bem, a minha resposta, obviamente, terá um tópico em comum com a de todos vós, isto é, ser feliz – o que difere é a forma como cada um o é.
Verdade seja dita quando digo que quero ser feliz, porém hoje em dia sou feliz, com alguns altos e baixos pelo caminho pois nem tudo é um eterno mar de rosas. Como serei feliz daqui a meia dúzia de anos ou a um quarto de século é uma incógnita autêntica! Afirmar inclusive que ainda por cá estarei seria mergulhar em águas totalmente desconhecidas, mas tenho objectivos, sonhos, que provavelmente poderão contribuir para uma felicidade futura. Nomeá-los seria tão cliché, mas de qualquer forma indico um desses mesmos objectivos/sonhos que faz parte do meu conceito pessoal de felicidade, este é, formar família – ter uma mulher que ame e crianças a correr por toda a casa, a sujá-la com experiências inocentes e tão características desta linda e efémera fase que é a infância, e, mais tarde ter o gosto de as ver crescer e a tomar um rumo para a sua vida. Contudo, na minha mente surge um retrato de um quadro que contrasta totalmente com este conceito de família com que tanto sonho, um quadro solitário numa parede branca cujo retrato revela-me sozinho, num apartamento, na sala de estar, esta repleta de livros e com a televisão ligada, provavelmente no noticiário, e eu sentado na varanda lendo, mas feliz.
Sozinho ou acompanhado, a minha e a vida de todos, no fundo, resume-se apenas em ser feliz, com os seus sonhos em mente que poderão proporcionar um adicional acrescente de felicidade. Porém, os sonhos estão reservados para o futuro e para o futuro trabalhamos todos os dias, por vezes conscientes e por outras tantas vezes inconscientes. Em vista disso o meu único objectivo hoje resume-se em viver cada dia placidamente, não ter pressa de forma a não perder tempo; pois se possuímos um botão de rosa e forçamos a abertura do mesmo, a rosa perde-se.
Verdade seja dita quando digo que quero ser feliz, porém hoje em dia sou feliz, com alguns altos e baixos pelo caminho pois nem tudo é um eterno mar de rosas. Como serei feliz daqui a meia dúzia de anos ou a um quarto de século é uma incógnita autêntica! Afirmar inclusive que ainda por cá estarei seria mergulhar em águas totalmente desconhecidas, mas tenho objectivos, sonhos, que provavelmente poderão contribuir para uma felicidade futura. Nomeá-los seria tão cliché, mas de qualquer forma indico um desses mesmos objectivos/sonhos que faz parte do meu conceito pessoal de felicidade, este é, formar família – ter uma mulher que ame e crianças a correr por toda a casa, a sujá-la com experiências inocentes e tão características desta linda e efémera fase que é a infância, e, mais tarde ter o gosto de as ver crescer e a tomar um rumo para a sua vida. Contudo, na minha mente surge um retrato de um quadro que contrasta totalmente com este conceito de família com que tanto sonho, um quadro solitário numa parede branca cujo retrato revela-me sozinho, num apartamento, na sala de estar, esta repleta de livros e com a televisão ligada, provavelmente no noticiário, e eu sentado na varanda lendo, mas feliz.
Sozinho ou acompanhado, a minha e a vida de todos, no fundo, resume-se apenas em ser feliz, com os seus sonhos em mente que poderão proporcionar um adicional acrescente de felicidade. Porém, os sonhos estão reservados para o futuro e para o futuro trabalhamos todos os dias, por vezes conscientes e por outras tantas vezes inconscientes. Em vista disso o meu único objectivo hoje resume-se em viver cada dia placidamente, não ter pressa de forma a não perder tempo; pois se possuímos um botão de rosa e forçamos a abertura do mesmo, a rosa perde-se.
Objectivos de vida eternamente iguais
Ao pensar o que anseio na vida, percebo que apenas sonho ser feliz. Quantos projectos preciso desenvolver e realizar? Não sei… Sei só que serão muitos e a maioria ainda nem imagino. Mas a vida é uma constante conquista de nós mesmos e eu tenho sido feliz… Procurei-me. Tentei perceber quais os objectivos que tracei desde que me sonho… Eis que compreendo que serão eternamente iguais: crescer e ser eu.
sexta-feira, 3 de outubro de 2008
Objectivo de Vida: Nenhum
Vou ser sincero, até tenho alguns objectivos de vida. Mas não lhes chamo de objectivos, mas de sonhos. Sonhos, porque sei que não passam disso. Projecções mentais. Visões destorcidas de uma realidade que não é a minha. Tudo aquilo que gostaria de ter, ver ou algum dia chegar a ser. Tudo isso, não passa de sonhos. Tenho-os repetidamente, noite após noite. E confesso, que não são sonhos impossíveis. Que está tudo à distância de um esforço pessoal. Mas não me vou esforçar. Vou deixar tudo à sorte. À chance. Pode parecer um pensamento cliché, mas é assim que me sinto. E não preciso de uma moeda de duas faces para decidir qual o próximo passo a tomar. Limito-me a deixar as coisas andarem.
Portanto, actualmente, não tenho nenhum objectivo de vida. E tal não parece ser um problema. O planeta continua a rodar. A minha rua continua suja. E as pessoas continuam carrancudas de manhã, à tarde e à noite. O simples facto de eu ter algum objectivo na minha vida, não muda nem um pouco o mundo à minha volta. Talvez, se o meu objectivo de vida for algo produtivo, como animar o mundo, ou limpar a minha rua, então talvez se notasse alguma diferença. Mas a verdade é que não tenho projectos desse género. Ambiciono pequenas coisas. Pequenos percursos na minha vida. Mas se nada correr como esperado, então não me preocupo muito. Por isso é que não tenho objectivos, mas sim sonhos.
O mundo até me parece um lugar interessante e cativante. Em cada esquina esconde-se um mundo completamente diferente. Tudo é relativo, e o efeito borboleta impera. Portanto, para quê fazer projectos? Para quê ter objectivos de vida? Tudo pode mudar num segundo. E gosto muito mais da ideia de viver com a corrente, do que acreditar em pequenos princípios e ideologias que me vão dar um futuro bem sucedido e recheado de sucesso. Não. Para mim, basta-me viver em paz. Calmamente e educadamente. Com alguns projectos a curto prazo. Mas fora disso, em pura liberdade de expressão e comunhão. Não tenho objectivos de vida. Tive, no passado, alguns objectivos pertinentes. Mas hoje não. E hoje, é a realidade em que vivo e habito. Hoje estamos todos aqui. Hoje o mundo está à minha frente e eu estou pronto. Avanço sem nenhuma ambição. Mas com alguns sonhos para preencherem a minha mente. Alguns desejos que conto em conversas simples e poéticas. Mas sem qualquer tipo de objectivos de vida. Estou bem assim. Sou modesto. Gosto do que tenho, e o que vier que venha. E se o meu futuro for mau, se for contra os meus sonhos, não é grave. No fim de contas, não passavam de sonhos.
3.10.08
Portanto, actualmente, não tenho nenhum objectivo de vida. E tal não parece ser um problema. O planeta continua a rodar. A minha rua continua suja. E as pessoas continuam carrancudas de manhã, à tarde e à noite. O simples facto de eu ter algum objectivo na minha vida, não muda nem um pouco o mundo à minha volta. Talvez, se o meu objectivo de vida for algo produtivo, como animar o mundo, ou limpar a minha rua, então talvez se notasse alguma diferença. Mas a verdade é que não tenho projectos desse género. Ambiciono pequenas coisas. Pequenos percursos na minha vida. Mas se nada correr como esperado, então não me preocupo muito. Por isso é que não tenho objectivos, mas sim sonhos.
O mundo até me parece um lugar interessante e cativante. Em cada esquina esconde-se um mundo completamente diferente. Tudo é relativo, e o efeito borboleta impera. Portanto, para quê fazer projectos? Para quê ter objectivos de vida? Tudo pode mudar num segundo. E gosto muito mais da ideia de viver com a corrente, do que acreditar em pequenos princípios e ideologias que me vão dar um futuro bem sucedido e recheado de sucesso. Não. Para mim, basta-me viver em paz. Calmamente e educadamente. Com alguns projectos a curto prazo. Mas fora disso, em pura liberdade de expressão e comunhão. Não tenho objectivos de vida. Tive, no passado, alguns objectivos pertinentes. Mas hoje não. E hoje, é a realidade em que vivo e habito. Hoje estamos todos aqui. Hoje o mundo está à minha frente e eu estou pronto. Avanço sem nenhuma ambição. Mas com alguns sonhos para preencherem a minha mente. Alguns desejos que conto em conversas simples e poéticas. Mas sem qualquer tipo de objectivos de vida. Estou bem assim. Sou modesto. Gosto do que tenho, e o que vier que venha. E se o meu futuro for mau, se for contra os meus sonhos, não é grave. No fim de contas, não passavam de sonhos.
3.10.08
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