segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Na esperança que esse momento algum dia se repita

Lembrar-nos de toda a vida é impossível, se calhar injustamente, se a vivemos por inteiro porque não também toda a relembrar? Cada instante, bom, mau ou simplesmente indiferente e que em nada nos mudou. Mas involuntariamente fazem-me fazer essa selecção entre os momentos que guardamos ou aqueles que são atirados fora, esquecidos como a vida, a nossa vida, por eles não tivesse soprado.
Mas por vezes ficam coladas à retina aquele segundo em que tudo se conjugou na perfeição em que nada mais se poderia pedir, em que nada de diferente poderia querer.
A província que me deixa pôr as leituras em dia e aproveitar alguns passeios descansados em tempo de veraneio pouco parecida ter para oferecer. Depois e uma semana de festa divertida e barulhenta, a calma regressava, o deserto tornava-se de novo o estado natural daquela aldeia perdida e que me deixava sempre estar só eu, o livro e musica que era debitava. Estar em férias é não ter que olhar para o relógio, não ter que viver em função de ritmos impostos, por isso era tarde, era aquele final de tarde que inexplicavelmente me trazia o a linha ao fundo como nunca a pensei que a poderia ver, que jamais a descobriria em qualquer outro lado. Laranja e lilás ao mesmo tempo, ventosa que fazia vibrar as sementes dos campos que à frente ficavam e ameaçava a velha videira que tanta sombra me dera naquela tarde. Momento de indolência total, que me estava fazer cair no mais patético naturalismo, que me fazia admirar um campo e uma província da qual sempre me senti distante. Talvez estivesse embriagado pelo livro que à minha frente lia, mas aquele segundo, fez-me querer voltar lá todos os anos, sempre à espera e em busca daquele momento, que sabendo que foi único, um dia asseio que se possa repetir.

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