Hoje, num silêncio diferente... (mas ainda sem a música que me toca)... quero desejar a todos um Feliz Natal.
Que a alegria do Natal seja o ponto de partida para um Ano Novo cheio da conquista dos sonhos.
quarta-feira, 24 de dezembro de 2008
quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
Silêncio
Ensurdecem estes gritos surdos do silêncio que acalmam e enlouquecem a alma.
Choro e sorrio numa insanidade que o silêncio impõe.
E agora... cá dentro... um nó que o silêncio aperta.
terça-feira, 9 de dezembro de 2008
O Silêncio
Assalta-me o silêncio. Toma tudo a minha volta, num ataque terrorista ao que é meu e só meu. Toma o som e a música de um só trago. Consume a minha audição, característica que tanto prezo. Estou sem barulho. Sem som. Estranha sensação. Estou constantemente a ouvir coisas variadas e disparatadas. Conversas de gente que dispenso a minha apresentação, sons de aparelhos metálicos e com luzes a piscar, tic-tac como um tambor na minha mente. E agora, nada! O silêncio. Reconheço-o facilmente, pois é sempre igual. O absoluto vazio do som. Perfeita harmonia de falta palavras e consoantes sem semelhante algum. Apesar de não ouvir nada não consigo deixar de, talvez num acto distraído e altruísta, colocar questões que merecem resposta. Mas não quero ser invejoso e tirar daqui o silêncio que acabou de se instalar e que veio para ficar. Desconheço a linguagem gestual e sou muito mau em mímica. Sempre fui dado às palavras. Tal é a magnitude deste silêncio, que não o vou perturbar com a minha voz. Mas gostava que me respondessem. Procuro me expressar. Procuro questionar, mas faço-o sem falar. Não vou ser eu a quebrar este silêncio cristalino.
Porquê cristalino? Não é possível ver o silêncio, e duvido que consiga focalizar este fenómeno estranho. E por fim, não envelhece nem se altera com a idade. É sempre constante e preocupante. Mas disse cristalino, que seja cristalino então este silêncio vasto e organizado. Organizado, porque é ordenado e sem falhas. Sim, organizado já faz mais sentido. Parece ser uma palavra mais adequada.
Ainda assim tenho questões a serem respondidas. E não se tratam de questões da minha articulação e organização vocabular, disso trato com a minha professora de gramática que pouco me ensinou e muito me baralhou. Gostava então de questionar o silêncio, sobre a razão desta invasão repentina. Terá sido algo que eu disse? Terei eu ofendido o silêncio, com todo o barulho que fiz ao longo desta minha vida? Gostava de me expressar e falar com o silêncio. Perguntar como vai e o que é que o preocupa. Mas não o vejo, nem lhe toco. Apenas o consigo ouvir. Ou será que não ouço? Será possível ouvir o silêncio? Questão incessante esta! Ora bem, o silêncio é a ausência de som e eu só consigo ouvir o som. Portanto se não o ouço, nem vejo e nem pouco sou capaz de o cheirar ou tocar, por deus, quão sozinho deverá estar o silêncio! Carente de algum tipo de afecto e conversa com alguém disponível. Abandonado, o silêncio, na noite escura e pelas ruelas da minha velha cidade. A deambular por entre quartos de apaixonados que se olham nos olhos em pleno silêncio, sem trocar uma palavra. Mas basta uma palavra, uma só e lá vai ele embora para longe.
Agora que escrevo estas palavras, noto que não estou mais acompanhado pelo silêncio. Por cada letra que coloco, um pequeno som me acompanha. Ao longe, outro som dispara, acompanhando o barulho que se começa a instalar. Uma música por baixo algures à minha volta, uma discussão do lado de lá e um crepitar de comida a fazer-se na minha cozinha branca. Não se faz sozinha a comida, e eu já estou com fome. Mas sem querer ofender o pobre do silêncio, com o som involuntário das minhas dentadas e esforço por mastigar a dura carne que aquece e arrefece dentro em pouco, vou continuar então a reflectir com silêncio (mas infelizmente, sem ele).
Não vejo o silêncio. Mas sinto-o, sim claro, sinto o silêncio. É pouco discreto! Quando chega, faz-se logo notar. Cria um pequeno vácuo, sem ocupar espaço algum. Mas mesmo assim deixa cada um desconfortável. Não é bem-vindo, o coitado. Não ocupa espaço, lugar ou habitação. Mas estranhamente, obriga alguém a falar e mandá-lo embora. E alguém fala, ao fim de algum silêncio. Falam a língua da união e iniciam uma conversa vaga ou complexa. Parece que o silêncio tem uma certa vontade de unir as pessoas. Saberá ele o que se passa, quando duas pessoas estão juntas? Saberá o silêncio, do bela que é a harmonia de gente a falar, a amar e a viver? Penso que o silêncio vive muito mal. Vive num mundo onde não há ouvidos. Vive num mundo sem músicas, sem conversas e sons naturais. Ainda assim, acredito que talvez viva num mundo com cultura, pois os museus são silenciosos à noite e ninguém o pode perturbar quando reflecte sobre as obras de um pintor consagrado e adorado. Talvez, ainda assim, ele viva apenas num mundo onde todos estão mortos e onde fala, claro. Que mórbido pensamento! Mas contudo, adequado penso eu. O silêncio vive sozinho, coitado. E mesmo o mudo e surdo provoca som sem sabe-lo. Vive abandonado. Este silêncio que me invadiu à pouco, volta. O som à minha volta caiu. Escrevo devagar, agora. Não quero ouvir nada. Quero a total ausência de som. Quero o silêncio. Deixo-o comigo, só por um pouco. Quero percebe-lo, quero entende-lo. E tão rápido veio como se foi. O barulho voltou a tocar-me. Uma melodia começa a tocar, a discussão volta a acender e ao longe o som estranho repete-se. A refeição na minha cozinha branca já começa a cheirar. Começo a cheirá-la…
O cheiro! Quão divertido deverá ser o cheiro, sempre acompanhado por alguma coisa ou alguém, pois nunca vem só! Sempre acompanhado e sempre com um aroma diferente. O cheiro.
Que posso dizer do cheiro?
9.12.08
Porquê cristalino? Não é possível ver o silêncio, e duvido que consiga focalizar este fenómeno estranho. E por fim, não envelhece nem se altera com a idade. É sempre constante e preocupante. Mas disse cristalino, que seja cristalino então este silêncio vasto e organizado. Organizado, porque é ordenado e sem falhas. Sim, organizado já faz mais sentido. Parece ser uma palavra mais adequada.
Ainda assim tenho questões a serem respondidas. E não se tratam de questões da minha articulação e organização vocabular, disso trato com a minha professora de gramática que pouco me ensinou e muito me baralhou. Gostava então de questionar o silêncio, sobre a razão desta invasão repentina. Terá sido algo que eu disse? Terei eu ofendido o silêncio, com todo o barulho que fiz ao longo desta minha vida? Gostava de me expressar e falar com o silêncio. Perguntar como vai e o que é que o preocupa. Mas não o vejo, nem lhe toco. Apenas o consigo ouvir. Ou será que não ouço? Será possível ouvir o silêncio? Questão incessante esta! Ora bem, o silêncio é a ausência de som e eu só consigo ouvir o som. Portanto se não o ouço, nem vejo e nem pouco sou capaz de o cheirar ou tocar, por deus, quão sozinho deverá estar o silêncio! Carente de algum tipo de afecto e conversa com alguém disponível. Abandonado, o silêncio, na noite escura e pelas ruelas da minha velha cidade. A deambular por entre quartos de apaixonados que se olham nos olhos em pleno silêncio, sem trocar uma palavra. Mas basta uma palavra, uma só e lá vai ele embora para longe.
Agora que escrevo estas palavras, noto que não estou mais acompanhado pelo silêncio. Por cada letra que coloco, um pequeno som me acompanha. Ao longe, outro som dispara, acompanhando o barulho que se começa a instalar. Uma música por baixo algures à minha volta, uma discussão do lado de lá e um crepitar de comida a fazer-se na minha cozinha branca. Não se faz sozinha a comida, e eu já estou com fome. Mas sem querer ofender o pobre do silêncio, com o som involuntário das minhas dentadas e esforço por mastigar a dura carne que aquece e arrefece dentro em pouco, vou continuar então a reflectir com silêncio (mas infelizmente, sem ele).
Não vejo o silêncio. Mas sinto-o, sim claro, sinto o silêncio. É pouco discreto! Quando chega, faz-se logo notar. Cria um pequeno vácuo, sem ocupar espaço algum. Mas mesmo assim deixa cada um desconfortável. Não é bem-vindo, o coitado. Não ocupa espaço, lugar ou habitação. Mas estranhamente, obriga alguém a falar e mandá-lo embora. E alguém fala, ao fim de algum silêncio. Falam a língua da união e iniciam uma conversa vaga ou complexa. Parece que o silêncio tem uma certa vontade de unir as pessoas. Saberá ele o que se passa, quando duas pessoas estão juntas? Saberá o silêncio, do bela que é a harmonia de gente a falar, a amar e a viver? Penso que o silêncio vive muito mal. Vive num mundo onde não há ouvidos. Vive num mundo sem músicas, sem conversas e sons naturais. Ainda assim, acredito que talvez viva num mundo com cultura, pois os museus são silenciosos à noite e ninguém o pode perturbar quando reflecte sobre as obras de um pintor consagrado e adorado. Talvez, ainda assim, ele viva apenas num mundo onde todos estão mortos e onde fala, claro. Que mórbido pensamento! Mas contudo, adequado penso eu. O silêncio vive sozinho, coitado. E mesmo o mudo e surdo provoca som sem sabe-lo. Vive abandonado. Este silêncio que me invadiu à pouco, volta. O som à minha volta caiu. Escrevo devagar, agora. Não quero ouvir nada. Quero a total ausência de som. Quero o silêncio. Deixo-o comigo, só por um pouco. Quero percebe-lo, quero entende-lo. E tão rápido veio como se foi. O barulho voltou a tocar-me. Uma melodia começa a tocar, a discussão volta a acender e ao longe o som estranho repete-se. A refeição na minha cozinha branca já começa a cheirar. Começo a cheirá-la…
O cheiro! Quão divertido deverá ser o cheiro, sempre acompanhado por alguma coisa ou alguém, pois nunca vem só! Sempre acompanhado e sempre com um aroma diferente. O cheiro.
Que posso dizer do cheiro?
9.12.08
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
Solidão, e então?
Sinto-me só, quando estou acompanhado. Invadem o meu espaço pessoal e matam um pouco de mim. Que querem eles? Deixem só. Eu e a minha solidão. Tenho tudo o que quero aqui à minha volta, e não me levanto nem me sento. Apenas estendo os braços e alcanço o que quero. Não preciso de pedir nada a ninguém. Não dou respostas e raramente coloco perguntas. Cá estou eu. Eu e apenas eu. Pergunto-me, o que quero eu? Será que consigo alcançar tudo sozinho? Preciso eu de mãos e conselhos em demasia, para ser capaz de vencer? Prezo a minha solidão. Prezo a minha sala vazio. Preço o meu sorriso, ao longe num espelho. Não quero mais que isso. Não quero estranhos a sorrir. Não quero desconhecidos, em breve, conhecidos. Estou satisfeito como estou.
Reconheço o prazer que sempre alcanço, quando estou com alguém que prezo. Sim, claro. Eu vejo o que se ganha e o que se perde no fruto da amizade. E não posso negar, que é tudo muito bonito. Mas eu, eu quero estar sozinho. Não me abandonem, porque nunca estiveram comigo. Não se preocupem comigo, preocupem-se convosco. Se todos seguirem as suas vidas, então fico satisfeito. Acredito que serei feliz, sozinho. Sozinho, tenho tempo para voltar a escrever. Para pegar no meu livro, que já parece um manuscrito medieval, tal é o pó e o mau estado que o acompanha. Sozinho, aprenderei a cozinhar. Experimentar algo aqui e ali. E será fácil perceber o que é bom e mau. Só tenho uma pessoa a agradar. E todas as respostas vão ser verdadeiras. Que mais posso pedir, que uma existência coberta de verdade, eficácia e lições de moral?
Estou portanto satisfeito, alegre e contrafeito. Tenho tudo o que quero, estou sozinho. O silêncio é, contudo, perturbante. Afecta-me toda esta rigidez na minha face. Não consigo ver a minha face com os meus olhos, e não sou o narciso. Não sinto necessidade de sorrir, pois não tenho ninguém para mostrar o meu sorriso. Se sei que estou feliz, porquê sorrir? Eu não me posso ver a sorrir. Estou condenado a ver o mundo sorrir, mas eu não. Conheço melhor a face de conhecidos do que a minha própria face. Sinto-me um desconhecido. E esta minha solidão acorda-me para quem sou. Questiono-me, alcanço e concluo cada vez mais sobre mim. Já não sou o estrangeiro que sorri para o mundo. Já me pareço mais seguro. Mais verdadeiro. Mais herdeiro da minha esperança, de um dia conseguir ser feliz.
E agora, vou procurar alguém. Estou cansado de estar sozinho.
08.12.08
Reconheço o prazer que sempre alcanço, quando estou com alguém que prezo. Sim, claro. Eu vejo o que se ganha e o que se perde no fruto da amizade. E não posso negar, que é tudo muito bonito. Mas eu, eu quero estar sozinho. Não me abandonem, porque nunca estiveram comigo. Não se preocupem comigo, preocupem-se convosco. Se todos seguirem as suas vidas, então fico satisfeito. Acredito que serei feliz, sozinho. Sozinho, tenho tempo para voltar a escrever. Para pegar no meu livro, que já parece um manuscrito medieval, tal é o pó e o mau estado que o acompanha. Sozinho, aprenderei a cozinhar. Experimentar algo aqui e ali. E será fácil perceber o que é bom e mau. Só tenho uma pessoa a agradar. E todas as respostas vão ser verdadeiras. Que mais posso pedir, que uma existência coberta de verdade, eficácia e lições de moral?
Estou portanto satisfeito, alegre e contrafeito. Tenho tudo o que quero, estou sozinho. O silêncio é, contudo, perturbante. Afecta-me toda esta rigidez na minha face. Não consigo ver a minha face com os meus olhos, e não sou o narciso. Não sinto necessidade de sorrir, pois não tenho ninguém para mostrar o meu sorriso. Se sei que estou feliz, porquê sorrir? Eu não me posso ver a sorrir. Estou condenado a ver o mundo sorrir, mas eu não. Conheço melhor a face de conhecidos do que a minha própria face. Sinto-me um desconhecido. E esta minha solidão acorda-me para quem sou. Questiono-me, alcanço e concluo cada vez mais sobre mim. Já não sou o estrangeiro que sorri para o mundo. Já me pareço mais seguro. Mais verdadeiro. Mais herdeiro da minha esperança, de um dia conseguir ser feliz.
E agora, vou procurar alguém. Estou cansado de estar sozinho.
08.12.08
quarta-feira, 3 de dezembro de 2008
Gabriel
Chamo-me Gabriel e tenho dez anos. Ninguém brinca comigo, ninguém me olha verdadeiramente, todos querem-me longe… Sou uma criança, e como qualquer uma, preciso de brincar, sentir-me acompanhado e reconhecido. Mas, se me aproximo, o ar torna-se pesado, inúmeros olhos, cada par com um olhar depreciativo, mas diferentes de par em par, observam-me. Medo, aversão, desprezo são alguns dos olhares que decifro no meio de tantos outros. Paro. E o sorriso com que me aproximara desvanece… Por que me desprezam tanto? Sinto-me tão só…
Fora feliz, anos atrás, quando tinha os meus pais a meu lado, olhando e cuidando-me, mas assim o destino não o quis por mais tempo que fosse. Recordo com muito carinho meu pai, admirador de um grande poeta português que, com bastante frequência, lia e recitava a minha mãe e, ocasionalmente, a mim também. Um verso que ele proclamava desse mesmo poeta, quando desolado, era, «Pensar incomoda como andar à chuva», e andar à chuva, confesso, nem eu nem meu pai gostávamos, apesar da chuva, hoje, não me incomodar e o pensamento de estar só me atormentar. A chuva hoje faz parte de mim, enche o rio desconhecido que escorre há dias nos meus olhos, estes que, embora negros, em outros tempos foram brilhantes, cheios de alegria, felicidade e amor, porém, estes olhos negros, que a terra há-de comer, mais escuros se tornaram no decorrer do tempo.
A minha única companhia é inanimada, um urso de peluche de nome Branco, a cor da paz, ele que, ao invés de muitos, compreende-me, ainda que seja com silêncio, mas um silêncio que só ele sabe dar. Queria tanto ter uma palavrinha amiga, ouvir alguém dizer “Vem..”, mas só escuto o oposto: “Vai!”. Por que não gostam de mim? Será que é por não ter já meus pais que o mundo levou? Isso faz de mim um monstro, uma aberração que impede a aproximação e o amor de outros? Não sou um monstro! Sou, sim, sozinho… Vivo isolado, só. A solidão habita em mim e ninguém reconhece a minha existência… Queria, meramente, que alguém tomasse consciência do quanto me sinto abandonado. Alguém! Por favor, alguém…. …. …. …. …. …. Hum..? Quem és?... Queres que....agarre a tua mão?
Sorri..
Fora feliz, anos atrás, quando tinha os meus pais a meu lado, olhando e cuidando-me, mas assim o destino não o quis por mais tempo que fosse. Recordo com muito carinho meu pai, admirador de um grande poeta português que, com bastante frequência, lia e recitava a minha mãe e, ocasionalmente, a mim também. Um verso que ele proclamava desse mesmo poeta, quando desolado, era, «Pensar incomoda como andar à chuva», e andar à chuva, confesso, nem eu nem meu pai gostávamos, apesar da chuva, hoje, não me incomodar e o pensamento de estar só me atormentar. A chuva hoje faz parte de mim, enche o rio desconhecido que escorre há dias nos meus olhos, estes que, embora negros, em outros tempos foram brilhantes, cheios de alegria, felicidade e amor, porém, estes olhos negros, que a terra há-de comer, mais escuros se tornaram no decorrer do tempo.
A minha única companhia é inanimada, um urso de peluche de nome Branco, a cor da paz, ele que, ao invés de muitos, compreende-me, ainda que seja com silêncio, mas um silêncio que só ele sabe dar. Queria tanto ter uma palavrinha amiga, ouvir alguém dizer “Vem..”, mas só escuto o oposto: “Vai!”. Por que não gostam de mim? Será que é por não ter já meus pais que o mundo levou? Isso faz de mim um monstro, uma aberração que impede a aproximação e o amor de outros? Não sou um monstro! Sou, sim, sozinho… Vivo isolado, só. A solidão habita em mim e ninguém reconhece a minha existência… Queria, meramente, que alguém tomasse consciência do quanto me sinto abandonado. Alguém! Por favor, alguém…. …. …. …. …. …. Hum..? Quem és?... Queres que....agarre a tua mão?
Sorri..
terça-feira, 2 de dezembro de 2008
quarta-feira, 26 de novembro de 2008
Enerva-me tudo aquilo que eu quiser, agora és tu
Enervas-me. Enervas-me. ENERVAS-ME!
Não me dês como garantido. Vou-te trair. Vou-te magoar. Vais sofrer! Aviso-te, porque tenho consideração na tua pessoa. Aviso-te, por te quero ver chorar. Quero que saibas que odeio tudo e todos. Quero que me odeies. Quero que me recordes e chores. Quero que te lembres do meu sorriso psicadélico e enlouqueças. Lembra-te da dor que te vou provocar, vai deixar uma longa cicatriz. Vais chorar. Vais me perguntar: Porquê!? Que mal é que te fiz? Apenas jurei fazer-te feliz. Tomar conta de ti. E é assim que me retribuis?
Não quero ser amado! Não fui feito para ser amado. Quero ser livre. Quero ser mau. Quero ser cruel. Quero que saibas que sou assim! Olha para mim! Não desvieis o olhar. OLHA PARA MIM! Chora, entristece, enlouquece. Lembra-te da minha face. Quando acordares, lembra-te da minha cara.
Quero que sintas medo. Que sintas uma pequena sensação percorrer-te a espinha. Quero que recordes esta pequena dor. E que a multipliques por mil. Quero que te sintas pior ainda. Que não encontres prazer em acordar. Que não sintas prazer em sonhar. Que não sejas feliz. Quero tanto que me odeies. Quero tanto que te odeies! Quero que sofras, digo-o sem rodeios. Mas não te desejo mal. Eu não. Ah, ah, eu não. Tens de estar viva. Sorridente e alegre. Com um sorriso vermelho de sangue. Quero que andes de uma maneira retorcida e encontres prazer no que dói. Porque para ti só quero é violência. Quero-te a rastejar. Quero-te a gritar por mais. Quero que fiques louca!
Esquizofrénica, hipocondríaca e ninfomaníaca. Fica doida! Olha com dor e desejo para tudo aquilo que te faz sentir viva. Pensa que és o centro de um esquema louco, onde o mundo pôs um alvo sobre ti. Imagina em tudo o que te pode acertar, magoar e até matar. Tem prazer com qualquer um, vende-te e mata quem és. Assassina lentamente essa tua personalidade tão original, tão bonita. Errado, tão simples e básica. És inútil!
Salta, maltrata, grita! Estás sozinha. Estás presa. Vais morrer, eu sei. Quero que morras. Já tive o meu prazer. Quero que lutes contra as paredes que te sufocam. Podes tentar. Quero que tentes. Quero que choras em pura lucidez, e grites na tua ilusão de liberdade. Não és livre. És idiota. Presunçosa. Inútil. E não te quero aqui. Não quero alguém inútil como tu. Quero-te fora. Longe. Morta, num beco qualquer. És um animal, devias ser enjaulada. Espicaçada. Assassinada.
Morre. Enervas-me.
E como é que eu disse que te amava!
26.11.08
Não me dês como garantido. Vou-te trair. Vou-te magoar. Vais sofrer! Aviso-te, porque tenho consideração na tua pessoa. Aviso-te, por te quero ver chorar. Quero que saibas que odeio tudo e todos. Quero que me odeies. Quero que me recordes e chores. Quero que te lembres do meu sorriso psicadélico e enlouqueças. Lembra-te da dor que te vou provocar, vai deixar uma longa cicatriz. Vais chorar. Vais me perguntar: Porquê!? Que mal é que te fiz? Apenas jurei fazer-te feliz. Tomar conta de ti. E é assim que me retribuis?
Não quero ser amado! Não fui feito para ser amado. Quero ser livre. Quero ser mau. Quero ser cruel. Quero que saibas que sou assim! Olha para mim! Não desvieis o olhar. OLHA PARA MIM! Chora, entristece, enlouquece. Lembra-te da minha face. Quando acordares, lembra-te da minha cara.
Quero que sintas medo. Que sintas uma pequena sensação percorrer-te a espinha. Quero que recordes esta pequena dor. E que a multipliques por mil. Quero que te sintas pior ainda. Que não encontres prazer em acordar. Que não sintas prazer em sonhar. Que não sejas feliz. Quero tanto que me odeies. Quero tanto que te odeies! Quero que sofras, digo-o sem rodeios. Mas não te desejo mal. Eu não. Ah, ah, eu não. Tens de estar viva. Sorridente e alegre. Com um sorriso vermelho de sangue. Quero que andes de uma maneira retorcida e encontres prazer no que dói. Porque para ti só quero é violência. Quero-te a rastejar. Quero-te a gritar por mais. Quero que fiques louca!
Esquizofrénica, hipocondríaca e ninfomaníaca. Fica doida! Olha com dor e desejo para tudo aquilo que te faz sentir viva. Pensa que és o centro de um esquema louco, onde o mundo pôs um alvo sobre ti. Imagina em tudo o que te pode acertar, magoar e até matar. Tem prazer com qualquer um, vende-te e mata quem és. Assassina lentamente essa tua personalidade tão original, tão bonita. Errado, tão simples e básica. És inútil!
Salta, maltrata, grita! Estás sozinha. Estás presa. Vais morrer, eu sei. Quero que morras. Já tive o meu prazer. Quero que lutes contra as paredes que te sufocam. Podes tentar. Quero que tentes. Quero que choras em pura lucidez, e grites na tua ilusão de liberdade. Não és livre. És idiota. Presunçosa. Inútil. E não te quero aqui. Não quero alguém inútil como tu. Quero-te fora. Longe. Morta, num beco qualquer. És um animal, devias ser enjaulada. Espicaçada. Assassinada.
Morre. Enervas-me.
E como é que eu disse que te amava!
26.11.08
sábado, 22 de novembro de 2008
!!!!!
Detesto não ter tempo para fazer o que realmente quero!
Ah! tempo, que não me dás sequer tempo para ter tempo...
Não te repugno.
Mas na verdade...
Detesto o barulho,
Os ruídos irritantes desta vida na cidade.
EXPLOSÕES!
Barulho, ruído na minha cabeça!
Gritos, lamúrias, choro e guinchos..
Mata a ansiedade para tudo isto pereça.
O barulho prossegue..
EXPLOSÕES"#$%&/()EXPLOSÕES"/$)%/(%&$£§€
Saiam!
É intolerável!
Pereçam!
O estrondo...
A minha cabeça prestes a estoirar.
EXPLOSÕES!#$$%/»*&()=@£§€{[]}
DESAPAREÇAM!!!!!
O silêncio me olhava...
Ah! tempo, que não me dás sequer tempo para ter tempo...
Não te repugno.
Mas na verdade...
Detesto o barulho,
Os ruídos irritantes desta vida na cidade.
EXPLOSÕES!
Barulho, ruído na minha cabeça!
Gritos, lamúrias, choro e guinchos..
Mata a ansiedade para tudo isto pereça.
O barulho prossegue..
EXPLOSÕES"#$%&/()EXPLOSÕES"/$)%/(%&$£§€
Saiam!
É intolerável!
Pereçam!
O estrondo...
A minha cabeça prestes a estoirar.
EXPLOSÕES!#$$%/»*&()=@£§€{[]}
DESAPAREÇAM!!!!!
O silêncio me olhava...
sábado, 15 de novembro de 2008
Enerva-me
Enerva-me não ter tempo... ter tanta gente... e não ter tempo.
Enerva-me correr atrás da vida e passar pela vida a correr.
Enerva-me enervar-me e peder tempo e vida.
Enerva-me correr atrás da vida e passar pela vida a correr.
Enerva-me enervar-me e peder tempo e vida.
sexta-feira, 7 de novembro de 2008
Saudade
Saudade…palavra que desperta lembranças afectuosas, (re)lembra pessoas cuja ausência pesa… É uma palavra que não existe em mais nenhuma língua, o que torna o nosso idioma único. As saudades permanecem connosco, trazem memórias de pessoas e lugares, ficam cá ou, por vezes, são enviadas quando não ficam.
Foi com muita saudade que recordei a infância na semana passada, foi bom sentir a alegria da felicidade outrora vivida como criança e…sorri, exactamente durante quanto tempo não sei, mas sorri perante estas recordações como se fosse a primeira vez que o fazia, tal como uma criança tem o pasmo essencial no momento em que é confrontada com algo novo.
Todavia, não é apenas uma palavra, mas também um sentimento que perdura dias, semanas, meses, anos, quase uma eternidade conforme a intensidade com que foi marcado, se bem que por vezes dava jeito que a saudade viajasse, de forma a cortar o silêncio da distância que nos separa. Ah! saudade…de mãos dadas anda ela com o tempo, quanto mais ele passa, maior ela se torna.
Foi com muita saudade que recordei a infância na semana passada, foi bom sentir a alegria da felicidade outrora vivida como criança e…sorri, exactamente durante quanto tempo não sei, mas sorri perante estas recordações como se fosse a primeira vez que o fazia, tal como uma criança tem o pasmo essencial no momento em que é confrontada com algo novo.
Todavia, não é apenas uma palavra, mas também um sentimento que perdura dias, semanas, meses, anos, quase uma eternidade conforme a intensidade com que foi marcado, se bem que por vezes dava jeito que a saudade viajasse, de forma a cortar o silêncio da distância que nos separa. Ah! saudade…de mãos dadas anda ela com o tempo, quanto mais ele passa, maior ela se torna.
segunda-feira, 3 de novembro de 2008
Saudade
Vou ousar falar daquilo que não sei sentir.
Devo ser estranha... tanta gente já escreveu sobre o assunto, parecia fácil e ficou bonito.
Para mim a dificuldade parece estar em explicar o diferente brilho dos olhos de que a vê chegar e depois de quem não a vê partir.
Tudo é estranho... não muda de nome, mas a maneira como se chama. Primeiro, surge cantando depois, sem palavras (ou)vidas, grita-se: Saudade.
Chega ao de leve, toca nas memórias, liberta recentes recordações... Vê-se no sorriso aparentemente sem razão de ser e, talvez por isso, incomparavelmente lindo. É como uma brisa, renova a alma, passa e deixa um suspiro.
É nova, profundamente simples. É transparente... é o brilho bonito do olhar.
Hmmm... como é bom. Vive-se, partilha-se! ...
Mas, às vezes, vai permanecendo e explora-se. E aí, cresce... apodera-se. Tudo muda.
Nasce associada a pessoas e, dentro de mim, procura-as. Acomoda-se no coração. Só ela se sente confortável. O coração manifesta-se em investidas à alma. Acaba-se a tranquilidade. Cada respirar fundo surge aos solavancos, coordenado com a descompassada respiração de quem, à noite, para descansar, vira o lado molhado da almofada para o colchão.
Os sorrisos são escassos, são aqueles que eram antes gargalhadas.
E, porque deixa de ser bom vivê-la talvez se deixe de partilhar...
Os olhos nunca deixaram de ter brilho... Se não brilham de dia, brilham à noite, num olhar desfocado para o céu... onde se lançam perguntas, de onde, triste, não chegam respostas.
Às vezes, irrito-me comigo. Não porque ache que a esperança é a última a morrer, mas porque sinto que é muito mais que esperança.
domingo, 2 de novembro de 2008
Saudades, até ao fim dos tempos
Tenho saudades tuas. Sim, é verdade. Admito, sem vergonha. E magoa-me, é verdade. Magoa-me pensar que já não te vejo há tanto tempo. Que não sei onde estás, com quem estás e se estás bem. A minha saudade é insaciável. Quero mesmo saber de ti. Quero poder estar ao teu lado. Quero poder acompanhar-te. Quero poder ajudar-te. Mas não posso. Não me cabe a mim. Não estou aí.
Provavelmente nem pensas em mim. Acredito que algures no tempo, encontres uma foto minha. Sorrias e a coloques no esquecimento, mais uma vez. Estou condenado a ser esquecido por ti. Magoa-me pensar que só eu é que te quero ver. Que só eu é que não consigo acabar um dia sem me lembrar de ti. Que eu tento enganar a minha mente, todos os dias, para não me lembrar de ti. Magoa-me saber que para sempre vais ter um lugar no meu coração. Magoa-me saber que não sentes o mesmo por mim. Que te sou indiferente. Fico triste, por me sentir tão sozinho. Tão magoado. Tão…simples. Como é que me tornei assim? Porque é que não te consigo esquecer. Porque é que ainda te recordo. Porque é que não te consigo esquecer, depois de tanto tempo sem te ver. Sem te ouvir falar. Sem te reconhecer. Sem te entender. Sem te sentir. Será isto a condição humana? Somos amaldiçoados com uma data de validade, e ainda passamos a nossa vida sem esquecer as pessoas um dia conhecemos.
Recordo-me do dia em que nós conhecemos. Nunca seria capaz de imaginar que te ia conhecer. Que ia conhecer alguém como tu, nesse dia tão simples e vago. Trocámos umas palavras, de forma banal, nada de especial. Sem qualquer contracto, contacto ou outra relação qualquer que implique a concordância de ambas as partes. Falámos de manhã, à tarde e à noite. Essa noite depois de me despedir de ti, foi a mais longa das noites. Recordo-me de me ir deitar e de só pensar em ti. Não te conseguia esquecer. Eras tu e só tu que habitavas na minha mente. E apesar de ser uma longa noite, dormi poucas horas. Recordo-me de me levantar e de te procurar. Também não tinhas dormido muito tempo. Também tinhas pensado em mim, mas não disseste nada. Sorriste quando me viste. E passamos o dia a falar, um com o outro. E outro dia passou, e outro e outro. Não nos cansámos um do outro. Gostávamos da companhia. Gostávamos das palavras amigas e sinceras. E por momentos, não existia mais ninguém.
E hoje, quem somos? Quem sou? Não sei. Esqueço-me várias vezes da actualidade. Procuro um refúgio, longe desta actualidade cruel, desta realidade cinzenta e poluída. E sei que as memórias que tenho de ti, ainda vivas e reais, me enchem sempre de calor. Sei, que se me lembrar de ti, já não estou mais à chuva, mas sim abrigado e protegido de todo o mal que o mundo tem. Sei, que se penso em ti, o mundo é colorido e feliz. Mas não! Recuso-me! Não me vou lembrar mais de ti. Estou farto e cansado! Não quero aquecer-me mais com a recordação do teu sorriso. Não quero lembrar-me mais da tua personalidade autêntica e genuína. Não quero proteger-me mais com o teu abraço real e eterno. Não. Não! NÃO!
Acabou-se. Sei que nunca me vou esquecer de ti. E nunca mais me quero lembrar de ti. Não quero recordar-me mais, de tudo aquilo que me fazias sentir. Não quero mais a tua cara. Não quero mais o teu sorriso. Quero ser feliz. Mas sem ti. Por favor, vai-te embora. Sai daqui. Adeus.
Por favor, vai-te embora…
2.11.08
Provavelmente nem pensas em mim. Acredito que algures no tempo, encontres uma foto minha. Sorrias e a coloques no esquecimento, mais uma vez. Estou condenado a ser esquecido por ti. Magoa-me pensar que só eu é que te quero ver. Que só eu é que não consigo acabar um dia sem me lembrar de ti. Que eu tento enganar a minha mente, todos os dias, para não me lembrar de ti. Magoa-me saber que para sempre vais ter um lugar no meu coração. Magoa-me saber que não sentes o mesmo por mim. Que te sou indiferente. Fico triste, por me sentir tão sozinho. Tão magoado. Tão…simples. Como é que me tornei assim? Porque é que não te consigo esquecer. Porque é que ainda te recordo. Porque é que não te consigo esquecer, depois de tanto tempo sem te ver. Sem te ouvir falar. Sem te reconhecer. Sem te entender. Sem te sentir. Será isto a condição humana? Somos amaldiçoados com uma data de validade, e ainda passamos a nossa vida sem esquecer as pessoas um dia conhecemos.
Recordo-me do dia em que nós conhecemos. Nunca seria capaz de imaginar que te ia conhecer. Que ia conhecer alguém como tu, nesse dia tão simples e vago. Trocámos umas palavras, de forma banal, nada de especial. Sem qualquer contracto, contacto ou outra relação qualquer que implique a concordância de ambas as partes. Falámos de manhã, à tarde e à noite. Essa noite depois de me despedir de ti, foi a mais longa das noites. Recordo-me de me ir deitar e de só pensar em ti. Não te conseguia esquecer. Eras tu e só tu que habitavas na minha mente. E apesar de ser uma longa noite, dormi poucas horas. Recordo-me de me levantar e de te procurar. Também não tinhas dormido muito tempo. Também tinhas pensado em mim, mas não disseste nada. Sorriste quando me viste. E passamos o dia a falar, um com o outro. E outro dia passou, e outro e outro. Não nos cansámos um do outro. Gostávamos da companhia. Gostávamos das palavras amigas e sinceras. E por momentos, não existia mais ninguém.
E hoje, quem somos? Quem sou? Não sei. Esqueço-me várias vezes da actualidade. Procuro um refúgio, longe desta actualidade cruel, desta realidade cinzenta e poluída. E sei que as memórias que tenho de ti, ainda vivas e reais, me enchem sempre de calor. Sei, que se me lembrar de ti, já não estou mais à chuva, mas sim abrigado e protegido de todo o mal que o mundo tem. Sei, que se penso em ti, o mundo é colorido e feliz. Mas não! Recuso-me! Não me vou lembrar mais de ti. Estou farto e cansado! Não quero aquecer-me mais com a recordação do teu sorriso. Não quero lembrar-me mais da tua personalidade autêntica e genuína. Não quero proteger-me mais com o teu abraço real e eterno. Não. Não! NÃO!
Acabou-se. Sei que nunca me vou esquecer de ti. E nunca mais me quero lembrar de ti. Não quero recordar-me mais, de tudo aquilo que me fazias sentir. Não quero mais a tua cara. Não quero mais o teu sorriso. Quero ser feliz. Mas sem ti. Por favor, vai-te embora. Sai daqui. Adeus.
Por favor, vai-te embora…
2.11.08
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
A infância
Espontaneamente recordei a minha infância numa segunda-feira à tarde quando uma criança exclamou o meu nome: “João! João!”; era o Manuel, um rapazito de apenas 4 anos de idade, aluno da minha mãe que, sem razão aparente, adora-me (provavelmente por ser filho da sua educadora, mas este é outro assunto). Correu até mim, abraçou-me nas pernas, olhou-me e esboçou aquele sorriso tão inocente e característico de uma criança. Tão contagioso é este sorriso que, automaticamente, nos faz sorrir com eles.
Mergulhei então, nesse preciso momento, em pensamentos e viajei em memórias da então minha infância. Tão rapidamente estas passavam – curiosa semelhança com a realidade – que muitas não eram nítidas, assemelhavam-se a um misto de nevoeiro e eu mirava a sua imensidão, como se aguardando pelo regresso de D. Sebastião, onde D. Sebastião, aqui, é a infância que nunca mais retornará.
Tomei consciência das saudades que tinha do tempo em que fora criança…tudo tão simples, tudo tão puro, sem mal… Tudo era simplesmente o que tudo representava; um sonho não passava de um sonho e não um sinal vindo de uma força maior; a flor que via era a flor que defronte de mim estava e não o símbolo do verdadeiro amor, como muitos ousam afirmar; palavras eram nada mais que palavras e não os jogos de sedução e mistério que hoje, muitas vezes, representam, sempre com um segundo sentido por trás.
Existe sim uma simplicidade de vida sem qualquer filosofia. Erro meu. Existe sim uma filosofia, embora inconsciente, divertir-se o mais possível, quer nas aulas como em casa e na rua, em qualquer sítio que seja.
Como gostava de regressar ao passado e possuir a inconsciente consciência que na infância se é dono e senhor, tal como a alegre ceifeira que Pessoa nos relata nos seus versos:” Ah, poder ser tu sendo eu! / Ter a tua alegre inconsciência, / E a consciência disso! […]”- todavia trata-se de uma personagem fictícia. E a pensar em Pessoa regressei à realidade, dando por mim com o Manuel a puxar a minha calça alegremente dizendo: “O João está quase a dormir!”, e inevitavelmente solto um riso, abaixo-me, olho para ele e vejo que não é tão inconsciente. Despeço-me dele com um beijo na testa, volto costas, ouço em coro os meninos da minha mãe dizerem “Adeus João!”, relembro-me da minha turma dos 3 aos 6 anos, agora apenas restam memórias, e digo para comigo mesmo: “ Ah! Bons e velhos tempos…”.
Mergulhei então, nesse preciso momento, em pensamentos e viajei em memórias da então minha infância. Tão rapidamente estas passavam – curiosa semelhança com a realidade – que muitas não eram nítidas, assemelhavam-se a um misto de nevoeiro e eu mirava a sua imensidão, como se aguardando pelo regresso de D. Sebastião, onde D. Sebastião, aqui, é a infância que nunca mais retornará.
Tomei consciência das saudades que tinha do tempo em que fora criança…tudo tão simples, tudo tão puro, sem mal… Tudo era simplesmente o que tudo representava; um sonho não passava de um sonho e não um sinal vindo de uma força maior; a flor que via era a flor que defronte de mim estava e não o símbolo do verdadeiro amor, como muitos ousam afirmar; palavras eram nada mais que palavras e não os jogos de sedução e mistério que hoje, muitas vezes, representam, sempre com um segundo sentido por trás.
Existe sim uma simplicidade de vida sem qualquer filosofia. Erro meu. Existe sim uma filosofia, embora inconsciente, divertir-se o mais possível, quer nas aulas como em casa e na rua, em qualquer sítio que seja.
Como gostava de regressar ao passado e possuir a inconsciente consciência que na infância se é dono e senhor, tal como a alegre ceifeira que Pessoa nos relata nos seus versos:” Ah, poder ser tu sendo eu! / Ter a tua alegre inconsciência, / E a consciência disso! […]”- todavia trata-se de uma personagem fictícia. E a pensar em Pessoa regressei à realidade, dando por mim com o Manuel a puxar a minha calça alegremente dizendo: “O João está quase a dormir!”, e inevitavelmente solto um riso, abaixo-me, olho para ele e vejo que não é tão inconsciente. Despeço-me dele com um beijo na testa, volto costas, ouço em coro os meninos da minha mãe dizerem “Adeus João!”, relembro-me da minha turma dos 3 aos 6 anos, agora apenas restam memórias, e digo para comigo mesmo: “ Ah! Bons e velhos tempos…”.
A minha Infância
Tive uma boa infância. E por isso, estou grato aos meus pais. Sempre souberam cuidar de mim. Estar ao meu lado. Perguntar se estou bem, se preciso de ajuda. E vivi a infância que gostaria que todos vivessem um dia. Uma infância feliz, sem dar pelo tempo passar. Passada com calma e plenitude. Sorria muito, quando era criança. Penso que a origem de toda a minha felicidade infantil, provém da simples maneira que levei a minha curta infância. Sempre fui reservado. Sem grandes aparatos. Com amigos leais e uma mentalidade aberta. Cresci longe de toda a violência e transgressão contínua que o mundo faz, dia e noite. Cresci num lugar cheio de cores vivas e apelantes, sem barulho e sem pressas. Não me lembro de muitas coisas da minha infância. Mas as poucas coisas que me lembro, enchem-me de um calor e satisfação inevitável. Fui feliz enquanto criança, isso, ninguém me tira.
Mas não sou feliz hoje. Hoje penso muito. Hoje confunde-me o espírito, todos os problemas da actualidade. A violência, sempre desproporcionada. A alma, sempre suja e mal-educada. As crianças a crescerem num mundo electrónico e hiper-sónico. Ficam no seu canto. Agarradas a uma amizade com cores vivas, mas sem contacto humano. Satisfazem-se pelos pontos e recordes que conseguem ultrapassar, num jogo virtual, impessoal, irreal. Não foi assim que cresci. Não é assim que quero que cresça a nova geração. Mas não me cabe a mim decidir. Por mim, apenas gostava de lhes poder contar a minha história. Gostava de lhes dizer que fui feliz, outrora, quando era criança. Gostava de lhes dizer as mil e uma aventuras que partilhei com amigos, que hoje ignoro onde estão. Não me preocupa não saber o paradeiro desses amigos que julgava eternos. Quando se é criança tudo é eterno. Sentimos que a felicidade é certa e para sempre. Que os nossos pais vão estar sempre ao nosso lado. Que todos os natais vão ser recheados de embrulhos de papel, e de prendas maiores que o nosso tamanho. Que todos os dias vão ter uns minutos para estudar e uns minutos para brincar. Que a ida ao parque mais próximo é uma diversão autentica. Que somos felizes, para sempre. Gostava de pensar assim. Gostava de poder dizer que sou feliz. Mas não sou.
Da minha infância guardo apenas boas recordações. Guardo sorrisos e memória, apenas minhas. Não as dou a mais ninguém. Fui feliz. E consigo sorrir, quando penso no passado. Mas o passado já passou. Hoje sou adulto. Hoje encaro a realidade em números e figuras. Já não tenho cores alegres no meu caminho. Já não tenho sonhos, sempre diferentes e sorridentes. Já não tenho natais recheados de embrulhos e prendas gigantes. Já não tenho uma felicidade insuperável, imparável, eterna. Mas sei que fui feliz enquanto criança. E isso, ninguém me tira.
29.10.08
Mas não sou feliz hoje. Hoje penso muito. Hoje confunde-me o espírito, todos os problemas da actualidade. A violência, sempre desproporcionada. A alma, sempre suja e mal-educada. As crianças a crescerem num mundo electrónico e hiper-sónico. Ficam no seu canto. Agarradas a uma amizade com cores vivas, mas sem contacto humano. Satisfazem-se pelos pontos e recordes que conseguem ultrapassar, num jogo virtual, impessoal, irreal. Não foi assim que cresci. Não é assim que quero que cresça a nova geração. Mas não me cabe a mim decidir. Por mim, apenas gostava de lhes poder contar a minha história. Gostava de lhes dizer que fui feliz, outrora, quando era criança. Gostava de lhes dizer as mil e uma aventuras que partilhei com amigos, que hoje ignoro onde estão. Não me preocupa não saber o paradeiro desses amigos que julgava eternos. Quando se é criança tudo é eterno. Sentimos que a felicidade é certa e para sempre. Que os nossos pais vão estar sempre ao nosso lado. Que todos os natais vão ser recheados de embrulhos de papel, e de prendas maiores que o nosso tamanho. Que todos os dias vão ter uns minutos para estudar e uns minutos para brincar. Que a ida ao parque mais próximo é uma diversão autentica. Que somos felizes, para sempre. Gostava de pensar assim. Gostava de poder dizer que sou feliz. Mas não sou.
Da minha infância guardo apenas boas recordações. Guardo sorrisos e memória, apenas minhas. Não as dou a mais ninguém. Fui feliz. E consigo sorrir, quando penso no passado. Mas o passado já passou. Hoje sou adulto. Hoje encaro a realidade em números e figuras. Já não tenho cores alegres no meu caminho. Já não tenho sonhos, sempre diferentes e sorridentes. Já não tenho natais recheados de embrulhos e prendas gigantes. Já não tenho uma felicidade insuperável, imparável, eterna. Mas sei que fui feliz enquanto criança. E isso, ninguém me tira.
29.10.08
segunda-feira, 27 de outubro de 2008
Foi isto a minha infância
Infância... ... respirei fundo. Saudades. Tão feliz. Cheia de tudo a que as crianças têm direito e por inocência sabem sentir.
Era "meia maria rapaz" diziam... Chegava a casa, deveres feitos de pé para sair a correr e gastar o resto do dia a brincar.
Era a mais nova da família.
Foi isto a minha infância... ser feliz sem me preocupar em ser.
sexta-feira, 24 de outubro de 2008
Quem me marcou: Alguém e ninguém
Sinto verdadeiramente que fui marcado por todas as pessoas que conheci, ao longo da minha vida. Um pouco ou muito, cada uma tocou-me de uma maneira diferente, e contudo pertinente. E acredito verdadeiramente que todos os encontros diários que tenho, mesmo que breves, servem para moldar a minha personalidade e pessoa. Todos eles alteraram a minha maneira de encarar os meus defeitos, os meus desafios e a minha maneira de enfrentar a difícil jornada que é a vida. Mas, mesmo assim, é justo e óbvio admitir, que fui marcado verdadeiramente, por uma pequena raridade de sujeitos. Não os vou enunciar, pois seria injusto simplesmente mencionar os seus nomes. Teria de explicar o que cada um fez por mim. O que cada um, mesmo sem saber, contribuiu para eu hoje ser quem sou. Estou-lhes grato e uma parte de mim gostaria de os recompensar, de alguma maneira. Mas qual a melhor maneira de recompensar as pessoas que se esforçaram para me ajudarem? Como melhor agradecer a todas as pessoas que fizeram a minha permanência no planeta terra, ser mais proveitosa e bem sucedida? Será possível dar graças ás pessoas que me marcaram? Porque, para ser sincero, nem todas as pessoas que me marcaram, são bem-vindas na minha mente. Não guardo boas recordações do primeiro namoro falhado. Não guardo recordações calorosas de todos os amigos que perdi. Não guardo sorrisos e fotos falseadas de todos os momentos que passei com gente que hoje desconheço o seu paradeiro. Somos marcados por muita gente ao longo da nossa vida, mas nem sempre somos marcados pelo lado positivo. Por vezes somos marcados ao ponto de deixarmos uma cicatriz impossível de esconder.
Gosto de quem sou, e não me arrependo de nada. Mas reconheço sem problemas, que hoje sou como sou, por culpa de alguns sujeitos. Alguns sujeitos aos quais nunca pedi ajuda, atenção ou amizade. Não lhes vou rogar pragas ou mencionar os seus nomes com uma certa angústia. Não. Apenas gostaria de lhes dizer que não estava preparado para os vossos conselhos. Sempre me vi como uma criança. E todas as pessoas que me marcaram, não o fizeram porque eram inteligentes e cientes dos meus problemas. Apenas me marcaram porque eu estava um passo atrás delas. O que fizeram foi apenas falarem comigo. Foi apenas dizerem as suas perspectivas de vida. Foi apenas falarem e ouvirem o que tinha para dizer. Todas as conversas que tive, onde partilhei sentimentos, confissões e experiencias de vida, posso dizer sem problemas que me influenciaram para hoje ser quem sou. Não estou grato pela coragem e visão astral de todas as pessoas que conversei. Estou antes grato pela vossa pertinência e vontade de falarem. Porque é graças a vocês que hoje sou como sou. Que hoje vejo o mundo como vejo. Que hoje acredito no que acredito. Estou grato a todas as pessoas que me deram lições de moral, mesmo quando me recusava a ouvi-las. Estou grato a todas as pessoas que me juraram eterna amizade, pois concederam-me uma hipocrisia imperdoável para com a realidade. Estou grato a todas as pessoas que me assustaram e me maltrataram, pois deram-me força para perceber que há sempre alguém mais forte que nós e que apesar de tudo, não devemos desistir. E eu não desisti. Ainda aqui estou. E hoje sou o produto de todas as pessoas que me marcaram. Desde a criança sentada no banco do café, hoje de manhã. Ao velho rabugento a passear à tarde, na rua alcatroada junto à minha casa. Cada pessoa que vejo, revejo e desejo, ajuda-me a ser mais eu. A acordar. A mudar e a crescer. Guardo no coração, o nome de todas as pessoas que lembro e recordo variadas vezes pelo que fizeram por mim, mesmo sem terem consciência de tudo o que representam para mim. Guardo na vida, todas as pessoas que constantemente me acordaram e me fizeram acreditar que o mundo é um lugar vasto e merecedor do nosso esforço. Anseio pelo futuro. Por todas as pessoas com as quais vou um dia me cruzar, marcar e ser marcado. Com as quais vou chorar, alegrar e mudar a minha vida, mesmo sem saber.
24.10.08
Gosto de quem sou, e não me arrependo de nada. Mas reconheço sem problemas, que hoje sou como sou, por culpa de alguns sujeitos. Alguns sujeitos aos quais nunca pedi ajuda, atenção ou amizade. Não lhes vou rogar pragas ou mencionar os seus nomes com uma certa angústia. Não. Apenas gostaria de lhes dizer que não estava preparado para os vossos conselhos. Sempre me vi como uma criança. E todas as pessoas que me marcaram, não o fizeram porque eram inteligentes e cientes dos meus problemas. Apenas me marcaram porque eu estava um passo atrás delas. O que fizeram foi apenas falarem comigo. Foi apenas dizerem as suas perspectivas de vida. Foi apenas falarem e ouvirem o que tinha para dizer. Todas as conversas que tive, onde partilhei sentimentos, confissões e experiencias de vida, posso dizer sem problemas que me influenciaram para hoje ser quem sou. Não estou grato pela coragem e visão astral de todas as pessoas que conversei. Estou antes grato pela vossa pertinência e vontade de falarem. Porque é graças a vocês que hoje sou como sou. Que hoje vejo o mundo como vejo. Que hoje acredito no que acredito. Estou grato a todas as pessoas que me deram lições de moral, mesmo quando me recusava a ouvi-las. Estou grato a todas as pessoas que me juraram eterna amizade, pois concederam-me uma hipocrisia imperdoável para com a realidade. Estou grato a todas as pessoas que me assustaram e me maltrataram, pois deram-me força para perceber que há sempre alguém mais forte que nós e que apesar de tudo, não devemos desistir. E eu não desisti. Ainda aqui estou. E hoje sou o produto de todas as pessoas que me marcaram. Desde a criança sentada no banco do café, hoje de manhã. Ao velho rabugento a passear à tarde, na rua alcatroada junto à minha casa. Cada pessoa que vejo, revejo e desejo, ajuda-me a ser mais eu. A acordar. A mudar e a crescer. Guardo no coração, o nome de todas as pessoas que lembro e recordo variadas vezes pelo que fizeram por mim, mesmo sem terem consciência de tudo o que representam para mim. Guardo na vida, todas as pessoas que constantemente me acordaram e me fizeram acreditar que o mundo é um lugar vasto e merecedor do nosso esforço. Anseio pelo futuro. Por todas as pessoas com as quais vou um dia me cruzar, marcar e ser marcado. Com as quais vou chorar, alegrar e mudar a minha vida, mesmo sem saber.
24.10.08
domingo, 19 de outubro de 2008
marcador de vida
Pus-me a pensar em quem comigo me constrói e vai moldando a vida. Somos muitos a construirmo-nos, a desenharmo-nos… uns riscos mais certos que outros, mas todos fazem parte.
E no lado quase mágico da vida, aquele que só o coração percebe em dias em dias bonitos, encontro Deus. Ele é a resposta. Marca-me todos os dias, torna-me sempre mais forte e feliz e oferece-me pessoas lindas, especiais que me pertencem e fazem chorar e sorrir… que me toca, fundo e ensinam a sentir. Ele que nunca conhecerei bem, mas que reconhecerei sempre, é o marcador da Vida.
E no lado quase mágico da vida, aquele que só o coração percebe em dias em dias bonitos, encontro Deus. Ele é a resposta. Marca-me todos os dias, torna-me sempre mais forte e feliz e oferece-me pessoas lindas, especiais que me pertencem e fazem chorar e sorrir… que me toca, fundo e ensinam a sentir. Ele que nunca conhecerei bem, mas que reconhecerei sempre, é o marcador da Vida.
sábado, 18 de outubro de 2008
Quem me marcou
O tempo passa. Cada ano que se segue aparenta ter chegado ainda mais cedo que o anterior e assim sendo envelhecemos, novas pessoas conhecemos, novos momentos passamos, novos laços se criam, alguns se desfazem, outros mantêm-se e assim prossegue o ciclo da nossa vida. Ao longo destes anos, que o meu corpo e mente carregam, vim a conhecer um número grande e, portanto, incerto de pessoas, das quais muitas se arredaram e outras, um número mais modesto, que permanecem e fazem ainda parte da minha vida, contudo, todas contribuíram para o indivíduo que hoje sou e, por mais que o tempo passe, não as irei esquecer, pelo menos grande parte.
Apesar do amor e amizade incondicionais que nutro por todos, apenas uma alma, ainda hoje, me consegue surpreender constantemente por actos, palavras e gestos. Como consegue ela me surpreender de tal forma? Seria complicado descrevê-lo numa modesta redacção. O que posso dizer é que é alguém especial que marcou e me tem marcado ao longo dos anos. É uma amizade única que, honestamente, espero que assim permaneça. A amizade é um sentimento nobre, inigualável, e, talvez, ela não saiba o quanto é importante para mim, quiçá pela simples ausência de palavras que expressem essa mesma importância, esse “estatuto” que tem no meu quotidiano. É possível que não o diga, e talvez nunca o venha a dizer, por embaraço ou pelo simples facto de supor que ela não acreditaria em mim, contudo, saber e sentir apenas o quanto a adoro, sem nunca o ter dito, regozija-me. Laura, é seu nome.
Apesar do amor e amizade incondicionais que nutro por todos, apenas uma alma, ainda hoje, me consegue surpreender constantemente por actos, palavras e gestos. Como consegue ela me surpreender de tal forma? Seria complicado descrevê-lo numa modesta redacção. O que posso dizer é que é alguém especial que marcou e me tem marcado ao longo dos anos. É uma amizade única que, honestamente, espero que assim permaneça. A amizade é um sentimento nobre, inigualável, e, talvez, ela não saiba o quanto é importante para mim, quiçá pela simples ausência de palavras que expressem essa mesma importância, esse “estatuto” que tem no meu quotidiano. É possível que não o diga, e talvez nunca o venha a dizer, por embaraço ou pelo simples facto de supor que ela não acreditaria em mim, contudo, saber e sentir apenas o quanto a adoro, sem nunca o ter dito, regozija-me. Laura, é seu nome.
segunda-feira, 13 de outubro de 2008
Vinte de Outubro de dois mil e sete
20-10-2007:
Um dia especial, um dia diferente, um dia de tango argentino na Aula Magna, início marcado às 18h. Contudo, a dança já tomara início muito antes deste horário e noutro local, este não muito longe..
Na Quinta das Conchas começara o tango, no décimo andar de um prédio. À saída do elevador, a caminho da sua entrada, ouvia-se já a música, não (!), várias introduções de músicas distintas e semelhantes, todas dentro do mesmo tópico, o tango. O libertango, a Primavera porteña de Piazzola e a famosa La cumparcita, eram estes os sons que ecoavam no ar; batera à porta, ela abrira - o tango tomara início!
Um sorriso e um olhar meigo, que tão bem a caracterizam, manifestaram-se face à minha presença; as palavras que proferia, a cada momento que passava, sempre certas saíam daquela boca, fina e perfeita, à medida que o diálogo avançava; era uma dança perfeita, um tango perfeito, os passos sempre certos numa coreografia nunca antes ensaiada.
O percurso para o espectáculo, em dias como os outros, seria o infeliz e sórdido tédio habitual – a monotonia da espera pelo metro, os rostos sérios e fechados das pessoas ao redor, os olhares desconfiados e curiosos, penetrantes quando cruzados, o ar respirado, poluído e cheio, cheio de perguntas, palavras, momentos passados, agradáveis ou não – porém a espera pelo metro foi intrigante, o que nunca sentira antes numa modesta viajem pelos espaços subterrâneos da cidade, os rostos fechados e sérios não existiam, o rosto, o olhar eram apenas de uma só pessoa, dela; cada inalação de ar era sinal de vida e lucidez pelo momento, tanto da caminhada como da entrada para a magnânima Aula Magna e pelo belíssimo espectáculo que nos aguardava; espectáculo já antes iniciado – entrelaçámos as mãos – a dança prosseguira.
Final do soberbo espectáculo na Aula Magna, prosseguimento do inacabado. Lado a lado, ao crepúsculo, olhávamos o céu, as árvores, as folhas, os carros a circular, as pessoas a saírem, desorientadas face à pressa uma vez que, provavelmente, tinham de chegar a casa ou a outro local qualquer após tão belo serão, até que os olhares destes dois inocentes jovens se cruzaram – o medo, o receio, a ânsia, o nervosismo, a esperança, a euforia, a indecisão e impulsividade, o pânico, a paixão…ah a paixão, o tango…a dança da eterna paixão e sedução, o drama, o sentimento, o contacto, o ritmo…a paixão, o seu elemento essencial, o seu alimento e o seu resultado. Todavia nada foi para além de uma mera troca de olhares, pois o momento terminara, as luzes se apagaram, o espectáculo terminara, os olhares se afastaram, o barulho dos tambores terminara, a dança, o tango que pelo dia se prolongara, acabara – ela partira…
Um dia especial, um dia diferente, um dia de tango argentino na Aula Magna, início marcado às 18h. Contudo, a dança já tomara início muito antes deste horário e noutro local, este não muito longe..
Na Quinta das Conchas começara o tango, no décimo andar de um prédio. À saída do elevador, a caminho da sua entrada, ouvia-se já a música, não (!), várias introduções de músicas distintas e semelhantes, todas dentro do mesmo tópico, o tango. O libertango, a Primavera porteña de Piazzola e a famosa La cumparcita, eram estes os sons que ecoavam no ar; batera à porta, ela abrira - o tango tomara início!
Um sorriso e um olhar meigo, que tão bem a caracterizam, manifestaram-se face à minha presença; as palavras que proferia, a cada momento que passava, sempre certas saíam daquela boca, fina e perfeita, à medida que o diálogo avançava; era uma dança perfeita, um tango perfeito, os passos sempre certos numa coreografia nunca antes ensaiada.
O percurso para o espectáculo, em dias como os outros, seria o infeliz e sórdido tédio habitual – a monotonia da espera pelo metro, os rostos sérios e fechados das pessoas ao redor, os olhares desconfiados e curiosos, penetrantes quando cruzados, o ar respirado, poluído e cheio, cheio de perguntas, palavras, momentos passados, agradáveis ou não – porém a espera pelo metro foi intrigante, o que nunca sentira antes numa modesta viajem pelos espaços subterrâneos da cidade, os rostos fechados e sérios não existiam, o rosto, o olhar eram apenas de uma só pessoa, dela; cada inalação de ar era sinal de vida e lucidez pelo momento, tanto da caminhada como da entrada para a magnânima Aula Magna e pelo belíssimo espectáculo que nos aguardava; espectáculo já antes iniciado – entrelaçámos as mãos – a dança prosseguira.
Final do soberbo espectáculo na Aula Magna, prosseguimento do inacabado. Lado a lado, ao crepúsculo, olhávamos o céu, as árvores, as folhas, os carros a circular, as pessoas a saírem, desorientadas face à pressa uma vez que, provavelmente, tinham de chegar a casa ou a outro local qualquer após tão belo serão, até que os olhares destes dois inocentes jovens se cruzaram – o medo, o receio, a ânsia, o nervosismo, a esperança, a euforia, a indecisão e impulsividade, o pânico, a paixão…ah a paixão, o tango…a dança da eterna paixão e sedução, o drama, o sentimento, o contacto, o ritmo…a paixão, o seu elemento essencial, o seu alimento e o seu resultado. Todavia nada foi para além de uma mera troca de olhares, pois o momento terminara, as luzes se apagaram, o espectáculo terminara, os olhares se afastaram, o barulho dos tambores terminara, a dança, o tango que pelo dia se prolongara, acabara – ela partira…
Na esperança que esse momento algum dia se repita
Lembrar-nos de toda a vida é impossível, se calhar injustamente, se a vivemos por inteiro porque não também toda a relembrar? Cada instante, bom, mau ou simplesmente indiferente e que em nada nos mudou. Mas involuntariamente fazem-me fazer essa selecção entre os momentos que guardamos ou aqueles que são atirados fora, esquecidos como a vida, a nossa vida, por eles não tivesse soprado.
Mas por vezes ficam coladas à retina aquele segundo em que tudo se conjugou na perfeição em que nada mais se poderia pedir, em que nada de diferente poderia querer.
A província que me deixa pôr as leituras em dia e aproveitar alguns passeios descansados em tempo de veraneio pouco parecida ter para oferecer. Depois e uma semana de festa divertida e barulhenta, a calma regressava, o deserto tornava-se de novo o estado natural daquela aldeia perdida e que me deixava sempre estar só eu, o livro e musica que era debitava. Estar em férias é não ter que olhar para o relógio, não ter que viver em função de ritmos impostos, por isso era tarde, era aquele final de tarde que inexplicavelmente me trazia o a linha ao fundo como nunca a pensei que a poderia ver, que jamais a descobriria em qualquer outro lado. Laranja e lilás ao mesmo tempo, ventosa que fazia vibrar as sementes dos campos que à frente ficavam e ameaçava a velha videira que tanta sombra me dera naquela tarde. Momento de indolência total, que me estava fazer cair no mais patético naturalismo, que me fazia admirar um campo e uma província da qual sempre me senti distante. Talvez estivesse embriagado pelo livro que à minha frente lia, mas aquele segundo, fez-me querer voltar lá todos os anos, sempre à espera e em busca daquele momento, que sabendo que foi único, um dia asseio que se possa repetir.
Mas por vezes ficam coladas à retina aquele segundo em que tudo se conjugou na perfeição em que nada mais se poderia pedir, em que nada de diferente poderia querer.
A província que me deixa pôr as leituras em dia e aproveitar alguns passeios descansados em tempo de veraneio pouco parecida ter para oferecer. Depois e uma semana de festa divertida e barulhenta, a calma regressava, o deserto tornava-se de novo o estado natural daquela aldeia perdida e que me deixava sempre estar só eu, o livro e musica que era debitava. Estar em férias é não ter que olhar para o relógio, não ter que viver em função de ritmos impostos, por isso era tarde, era aquele final de tarde que inexplicavelmente me trazia o a linha ao fundo como nunca a pensei que a poderia ver, que jamais a descobriria em qualquer outro lado. Laranja e lilás ao mesmo tempo, ventosa que fazia vibrar as sementes dos campos que à frente ficavam e ameaçava a velha videira que tanta sombra me dera naquela tarde. Momento de indolência total, que me estava fazer cair no mais patético naturalismo, que me fazia admirar um campo e uma província da qual sempre me senti distante. Talvez estivesse embriagado pelo livro que à minha frente lia, mas aquele segundo, fez-me querer voltar lá todos os anos, sempre à espera e em busca daquele momento, que sabendo que foi único, um dia asseio que se possa repetir.
domingo, 12 de outubro de 2008
Um dia de muitos dias
Lembro-me de dias por pedaços. Dias inteiros que ficaram sempre em mim e que me farão acordar diferente sempre.
São muitos os dias diferentes, mais difíceis, mais bonitos, mais cheios de nós e que nos enchem de sentir(es) estranho(s) que mexem qualquer coisa cá dentro que acalma e agita o coração.
Mas há um dia cheio. Não perfeito, mas cheio de tudo. Começou como os outros, com o som do despertador a descolar as pálpebras. Estava quente. A voz fria e indiferente solta, sem parar, a notícia. Morreu. O dia alonga-se na normalidade das horas. Os olhos pesam sem ter sono, só cansaço. Tristeza. Preciso, sem pedir, de palavras… outras… não sei quais.
Finalmente em casa.
Sem vontade, mas com consciência, abro a caixa de endereço electrónico. Uma mensagem linda, daquelas “lamechas” mas que sabem bem. Reparo nas horas. Parece coincidência.
À noite, procurei as estrelas. Céu limpo. Sem estrelas. Deito-me e fecho os olhos… assim esperava o escuro. O pensamento não sabe em que pensar. O sentimento tropeça nas voltas da vida. A vontade de um abraço vence. Toca o telemóvel, chegam aquelas palavras. Mimos. Puro carinho. “Tenho a certeza que estás com um sorriso lindo…” faz-me sorrir.
Afinal havia estrelas.
São muitos os dias diferentes, mais difíceis, mais bonitos, mais cheios de nós e que nos enchem de sentir(es) estranho(s) que mexem qualquer coisa cá dentro que acalma e agita o coração.
Mas há um dia cheio. Não perfeito, mas cheio de tudo. Começou como os outros, com o som do despertador a descolar as pálpebras. Estava quente. A voz fria e indiferente solta, sem parar, a notícia. Morreu. O dia alonga-se na normalidade das horas. Os olhos pesam sem ter sono, só cansaço. Tristeza. Preciso, sem pedir, de palavras… outras… não sei quais.
Finalmente em casa.
Sem vontade, mas com consciência, abro a caixa de endereço electrónico. Uma mensagem linda, daquelas “lamechas” mas que sabem bem. Reparo nas horas. Parece coincidência.
À noite, procurei as estrelas. Céu limpo. Sem estrelas. Deito-me e fecho os olhos… assim esperava o escuro. O pensamento não sabe em que pensar. O sentimento tropeça nas voltas da vida. A vontade de um abraço vence. Toca o telemóvel, chegam aquelas palavras. Mimos. Puro carinho. “Tenho a certeza que estás com um sorriso lindo…” faz-me sorrir.
Afinal havia estrelas.
sábado, 11 de outubro de 2008
Um dia que me marcou
Estava no passeio. Ao meu lado, o meu primo mais novo. Estávamos a caminhar para uma feira do livro. Para o meu primo, era completamente indiferente o destino dessa noite. Não sabe ler. Para ele, os livros bons, são os que têm muitas imagens. É novo. Por vezes, em graça, perguntamos se quer aprender a ler. E com uma sinceridade nua e crua, responde que não. Responde que os adultos nunca têm tempo para brincar, pois estão sempre a ler e a escrever. Vê na escrita, o fim do seu lado infantil. Não me preocupo. Sei que um dia vai aprender a ler e a escrever.
O passeio continua. Ao longe avistamos a feira do livro. Mas o caminho ainda é longo. Passam carros, não muito longe. Gente passa de um lado para o outro. Barulho e confusão misturam-se. Uns gritos, uns passos, uns risos. Não me consigo abstrair. Tantas faces diferentes. Tanta gente, tanta mente. Procuro algum lugar calmo e sossegado para olhar. Mas nada me acalma. Os prédios são coloridos e altos, mas mortos de gente e emoção. A estrada é alcatroada, com uma cor gasta e negra. O passeio é sujo de beatas e desgosto. Não encontro nada belo para olhar. O rio passa, não muito longe de mim. Pego no meu primo e afasto-me da minha sociedade vendida. Olho para a água. Alguns peixes bóiam, mortos. A água é suja e poluída. Ninguém à minha volta admira a água. Chamam-me, a mim e ao meu primo. Voltamos para o nosso passeio para a feira do livro.
Encontro-me perdido. Não me sinto bem. Tanta gente. Tanta criação humana. Sem propósito, significado ou beleza. Está tudo gasto e usado. As caras frustradas e cansadas. Não gosto de estar aqui. Preciso de algo calmo para olhar. À minha volta é tudo estranho e feio. Preocupo-me com o meu olhar. Preocupo-me com o mundo estranho onde habito. Preocupo-me… “Olha um pássaro.” Acordo desta perdição mental. O meu primo avista um pássaro. “Onde?” Procuro pelo pássaro, mas não vejo nenhum. Ele aponta, sorridente. Olho uma e outra vez. Nada. Só carros. Gente. Caras desconhecidas. Barulho. Uma sirene ao longe. Mas nada de calmo e belo. Nada bonito de se ver. O meu primo insiste.
Subitamente, avisto o pequeno pássaro. Em cima de um ferro, de um edifício por concluir. Não está muito longe de mim. Consigo distinguir a sua cor castanha. De um castanho vivo, que nenhum edifício consegue reproduzir. Com um olhar descontraído, simples, quase que humano. Mais humano que todos os olhares drogados e excitados que se cruzam à minha volta. E subitamente, voa. O meu primo mais novo, ainda mantém o olhar sobre o pequeno pássaro. Estica as asas e voa alto. Com uma liberdade que nunca experienciei. Voa até lhe perder o rasto. Sorriu. Algo belo para alegrar a minha noite. Algo belo para recordar e acalmar o meu espírito, confuso e cansado. Fico, inesperadamente, feliz. O meu primo puxa a minha mão. “Vamos.” Caminhamos de novo, os dois juntos, no nosso passeio alegre e feliz para a feira do livro.
11.10.08
O passeio continua. Ao longe avistamos a feira do livro. Mas o caminho ainda é longo. Passam carros, não muito longe. Gente passa de um lado para o outro. Barulho e confusão misturam-se. Uns gritos, uns passos, uns risos. Não me consigo abstrair. Tantas faces diferentes. Tanta gente, tanta mente. Procuro algum lugar calmo e sossegado para olhar. Mas nada me acalma. Os prédios são coloridos e altos, mas mortos de gente e emoção. A estrada é alcatroada, com uma cor gasta e negra. O passeio é sujo de beatas e desgosto. Não encontro nada belo para olhar. O rio passa, não muito longe de mim. Pego no meu primo e afasto-me da minha sociedade vendida. Olho para a água. Alguns peixes bóiam, mortos. A água é suja e poluída. Ninguém à minha volta admira a água. Chamam-me, a mim e ao meu primo. Voltamos para o nosso passeio para a feira do livro.
Encontro-me perdido. Não me sinto bem. Tanta gente. Tanta criação humana. Sem propósito, significado ou beleza. Está tudo gasto e usado. As caras frustradas e cansadas. Não gosto de estar aqui. Preciso de algo calmo para olhar. À minha volta é tudo estranho e feio. Preocupo-me com o meu olhar. Preocupo-me com o mundo estranho onde habito. Preocupo-me… “Olha um pássaro.” Acordo desta perdição mental. O meu primo avista um pássaro. “Onde?” Procuro pelo pássaro, mas não vejo nenhum. Ele aponta, sorridente. Olho uma e outra vez. Nada. Só carros. Gente. Caras desconhecidas. Barulho. Uma sirene ao longe. Mas nada de calmo e belo. Nada bonito de se ver. O meu primo insiste.
Subitamente, avisto o pequeno pássaro. Em cima de um ferro, de um edifício por concluir. Não está muito longe de mim. Consigo distinguir a sua cor castanha. De um castanho vivo, que nenhum edifício consegue reproduzir. Com um olhar descontraído, simples, quase que humano. Mais humano que todos os olhares drogados e excitados que se cruzam à minha volta. E subitamente, voa. O meu primo mais novo, ainda mantém o olhar sobre o pequeno pássaro. Estica as asas e voa alto. Com uma liberdade que nunca experienciei. Voa até lhe perder o rasto. Sorriu. Algo belo para alegrar a minha noite. Algo belo para recordar e acalmar o meu espírito, confuso e cansado. Fico, inesperadamente, feliz. O meu primo puxa a minha mão. “Vamos.” Caminhamos de novo, os dois juntos, no nosso passeio alegre e feliz para a feira do livro.
11.10.08
domingo, 5 de outubro de 2008
Objectivos de vida: todos e nenhuns
O carpe diem como ideal de vida nunca se me colou à pele, viver cada soluço sem ter noção do minuto seguinte criará sempre em mim uma ideia mais de caos do que qualquer organização acerca do que somos. Viver na corda bamba do não saber o que será amanhã sempre esteve muito longe de me fascinar. Mas os planos são relativos, tão relativos como o futuro, que nos é tão estranho, que muitas vezes somos incapaz de conjugar em qualquer verbo que seja, se calhar é uma característica comum de todos nós: subestimamos o futuro e agarramo-nos ao presente.
Não faço nem uma coisa nem outra, não acredito em planos contados ao segundo para as próximas décadas, em grandes projectos servidos em clichés como: “quero casar”, “quero ter filhos”, “quero ter uma casa mais isto ou mais aquilo”. Apenas digo que quero (talvez seja um sonho) fazer algo que verdadeiramente goste, talvez seja a minha eterna aversão à inutilidade a falar mais alto, mas não suportaria ficar refém de um futuro que me reservasse a apatia do nada ou do pouco gostar de fazer. Isso e guadar sempre tempo para os prazeres que me ocupam os dias, e para os outros que ainda estão por descobrir, é o que basta para que tudo o resto, que possa ou não desejar, venha então por arrasto.
Não faço nem uma coisa nem outra, não acredito em planos contados ao segundo para as próximas décadas, em grandes projectos servidos em clichés como: “quero casar”, “quero ter filhos”, “quero ter uma casa mais isto ou mais aquilo”. Apenas digo que quero (talvez seja um sonho) fazer algo que verdadeiramente goste, talvez seja a minha eterna aversão à inutilidade a falar mais alto, mas não suportaria ficar refém de um futuro que me reservasse a apatia do nada ou do pouco gostar de fazer. Isso e guadar sempre tempo para os prazeres que me ocupam os dias, e para os outros que ainda estão por descobrir, é o que basta para que tudo o resto, que possa ou não desejar, venha então por arrasto.
sábado, 4 de outubro de 2008
Sonho e objectivo
Após o tema inicial e a introspecção exigida, agora pertinentemente se questiona o(s) objectivo(s) de vida de cada um. Pois bem, a minha resposta, obviamente, terá um tópico em comum com a de todos vós, isto é, ser feliz – o que difere é a forma como cada um o é.
Verdade seja dita quando digo que quero ser feliz, porém hoje em dia sou feliz, com alguns altos e baixos pelo caminho pois nem tudo é um eterno mar de rosas. Como serei feliz daqui a meia dúzia de anos ou a um quarto de século é uma incógnita autêntica! Afirmar inclusive que ainda por cá estarei seria mergulhar em águas totalmente desconhecidas, mas tenho objectivos, sonhos, que provavelmente poderão contribuir para uma felicidade futura. Nomeá-los seria tão cliché, mas de qualquer forma indico um desses mesmos objectivos/sonhos que faz parte do meu conceito pessoal de felicidade, este é, formar família – ter uma mulher que ame e crianças a correr por toda a casa, a sujá-la com experiências inocentes e tão características desta linda e efémera fase que é a infância, e, mais tarde ter o gosto de as ver crescer e a tomar um rumo para a sua vida. Contudo, na minha mente surge um retrato de um quadro que contrasta totalmente com este conceito de família com que tanto sonho, um quadro solitário numa parede branca cujo retrato revela-me sozinho, num apartamento, na sala de estar, esta repleta de livros e com a televisão ligada, provavelmente no noticiário, e eu sentado na varanda lendo, mas feliz.
Sozinho ou acompanhado, a minha e a vida de todos, no fundo, resume-se apenas em ser feliz, com os seus sonhos em mente que poderão proporcionar um adicional acrescente de felicidade. Porém, os sonhos estão reservados para o futuro e para o futuro trabalhamos todos os dias, por vezes conscientes e por outras tantas vezes inconscientes. Em vista disso o meu único objectivo hoje resume-se em viver cada dia placidamente, não ter pressa de forma a não perder tempo; pois se possuímos um botão de rosa e forçamos a abertura do mesmo, a rosa perde-se.
Verdade seja dita quando digo que quero ser feliz, porém hoje em dia sou feliz, com alguns altos e baixos pelo caminho pois nem tudo é um eterno mar de rosas. Como serei feliz daqui a meia dúzia de anos ou a um quarto de século é uma incógnita autêntica! Afirmar inclusive que ainda por cá estarei seria mergulhar em águas totalmente desconhecidas, mas tenho objectivos, sonhos, que provavelmente poderão contribuir para uma felicidade futura. Nomeá-los seria tão cliché, mas de qualquer forma indico um desses mesmos objectivos/sonhos que faz parte do meu conceito pessoal de felicidade, este é, formar família – ter uma mulher que ame e crianças a correr por toda a casa, a sujá-la com experiências inocentes e tão características desta linda e efémera fase que é a infância, e, mais tarde ter o gosto de as ver crescer e a tomar um rumo para a sua vida. Contudo, na minha mente surge um retrato de um quadro que contrasta totalmente com este conceito de família com que tanto sonho, um quadro solitário numa parede branca cujo retrato revela-me sozinho, num apartamento, na sala de estar, esta repleta de livros e com a televisão ligada, provavelmente no noticiário, e eu sentado na varanda lendo, mas feliz.
Sozinho ou acompanhado, a minha e a vida de todos, no fundo, resume-se apenas em ser feliz, com os seus sonhos em mente que poderão proporcionar um adicional acrescente de felicidade. Porém, os sonhos estão reservados para o futuro e para o futuro trabalhamos todos os dias, por vezes conscientes e por outras tantas vezes inconscientes. Em vista disso o meu único objectivo hoje resume-se em viver cada dia placidamente, não ter pressa de forma a não perder tempo; pois se possuímos um botão de rosa e forçamos a abertura do mesmo, a rosa perde-se.
Objectivos de vida eternamente iguais
Ao pensar o que anseio na vida, percebo que apenas sonho ser feliz. Quantos projectos preciso desenvolver e realizar? Não sei… Sei só que serão muitos e a maioria ainda nem imagino. Mas a vida é uma constante conquista de nós mesmos e eu tenho sido feliz… Procurei-me. Tentei perceber quais os objectivos que tracei desde que me sonho… Eis que compreendo que serão eternamente iguais: crescer e ser eu.
sexta-feira, 3 de outubro de 2008
Objectivo de Vida: Nenhum
Vou ser sincero, até tenho alguns objectivos de vida. Mas não lhes chamo de objectivos, mas de sonhos. Sonhos, porque sei que não passam disso. Projecções mentais. Visões destorcidas de uma realidade que não é a minha. Tudo aquilo que gostaria de ter, ver ou algum dia chegar a ser. Tudo isso, não passa de sonhos. Tenho-os repetidamente, noite após noite. E confesso, que não são sonhos impossíveis. Que está tudo à distância de um esforço pessoal. Mas não me vou esforçar. Vou deixar tudo à sorte. À chance. Pode parecer um pensamento cliché, mas é assim que me sinto. E não preciso de uma moeda de duas faces para decidir qual o próximo passo a tomar. Limito-me a deixar as coisas andarem.
Portanto, actualmente, não tenho nenhum objectivo de vida. E tal não parece ser um problema. O planeta continua a rodar. A minha rua continua suja. E as pessoas continuam carrancudas de manhã, à tarde e à noite. O simples facto de eu ter algum objectivo na minha vida, não muda nem um pouco o mundo à minha volta. Talvez, se o meu objectivo de vida for algo produtivo, como animar o mundo, ou limpar a minha rua, então talvez se notasse alguma diferença. Mas a verdade é que não tenho projectos desse género. Ambiciono pequenas coisas. Pequenos percursos na minha vida. Mas se nada correr como esperado, então não me preocupo muito. Por isso é que não tenho objectivos, mas sim sonhos.
O mundo até me parece um lugar interessante e cativante. Em cada esquina esconde-se um mundo completamente diferente. Tudo é relativo, e o efeito borboleta impera. Portanto, para quê fazer projectos? Para quê ter objectivos de vida? Tudo pode mudar num segundo. E gosto muito mais da ideia de viver com a corrente, do que acreditar em pequenos princípios e ideologias que me vão dar um futuro bem sucedido e recheado de sucesso. Não. Para mim, basta-me viver em paz. Calmamente e educadamente. Com alguns projectos a curto prazo. Mas fora disso, em pura liberdade de expressão e comunhão. Não tenho objectivos de vida. Tive, no passado, alguns objectivos pertinentes. Mas hoje não. E hoje, é a realidade em que vivo e habito. Hoje estamos todos aqui. Hoje o mundo está à minha frente e eu estou pronto. Avanço sem nenhuma ambição. Mas com alguns sonhos para preencherem a minha mente. Alguns desejos que conto em conversas simples e poéticas. Mas sem qualquer tipo de objectivos de vida. Estou bem assim. Sou modesto. Gosto do que tenho, e o que vier que venha. E se o meu futuro for mau, se for contra os meus sonhos, não é grave. No fim de contas, não passavam de sonhos.
3.10.08
Portanto, actualmente, não tenho nenhum objectivo de vida. E tal não parece ser um problema. O planeta continua a rodar. A minha rua continua suja. E as pessoas continuam carrancudas de manhã, à tarde e à noite. O simples facto de eu ter algum objectivo na minha vida, não muda nem um pouco o mundo à minha volta. Talvez, se o meu objectivo de vida for algo produtivo, como animar o mundo, ou limpar a minha rua, então talvez se notasse alguma diferença. Mas a verdade é que não tenho projectos desse género. Ambiciono pequenas coisas. Pequenos percursos na minha vida. Mas se nada correr como esperado, então não me preocupo muito. Por isso é que não tenho objectivos, mas sim sonhos.
O mundo até me parece um lugar interessante e cativante. Em cada esquina esconde-se um mundo completamente diferente. Tudo é relativo, e o efeito borboleta impera. Portanto, para quê fazer projectos? Para quê ter objectivos de vida? Tudo pode mudar num segundo. E gosto muito mais da ideia de viver com a corrente, do que acreditar em pequenos princípios e ideologias que me vão dar um futuro bem sucedido e recheado de sucesso. Não. Para mim, basta-me viver em paz. Calmamente e educadamente. Com alguns projectos a curto prazo. Mas fora disso, em pura liberdade de expressão e comunhão. Não tenho objectivos de vida. Tive, no passado, alguns objectivos pertinentes. Mas hoje não. E hoje, é a realidade em que vivo e habito. Hoje estamos todos aqui. Hoje o mundo está à minha frente e eu estou pronto. Avanço sem nenhuma ambição. Mas com alguns sonhos para preencherem a minha mente. Alguns desejos que conto em conversas simples e poéticas. Mas sem qualquer tipo de objectivos de vida. Estou bem assim. Sou modesto. Gosto do que tenho, e o que vier que venha. E se o meu futuro for mau, se for contra os meus sonhos, não é grave. No fim de contas, não passavam de sonhos.
3.10.08
domingo, 28 de setembro de 2008
Pergunta de resposta nada óbvia
Há duas formas de responder a esta pergunta, por um lado podia encher-me de ar pomposo, discurso afloreado e despejar uma série de banalidades sobre mim próprio, que nada me diferenciam dos outros, que por si só nada dizem e que certamente não me fazem especial entre a massa da maioria. A segunda forma passaria por desdobrar um discurso a flutuar entre a psicanálise barata dos novos tempos e a lamechice sobre o que sou, o que fui, ou que algum dia quererei ser.
Não sei fazer nem uma coisa nem outra, verdadeiramente não sei responder a esta pergunta, provavelmente um trauma que vem das típicas apresentações do básico e do secundário em que repetidamente se faz a mesma pergunta, ouvindo sempre os mesmos sonolentos discursos. A resposta a esta pergunta será sempre um texto inacabado, agora sou algo, daqui a 20 anos de certeza que serei algo diferente, a base espero que seja a mesma, mas ninguém vive estático intocável ao que vai vivendo.
Confesso que a minha especialidade não é auto-análise, sempre me foi muito mais fácil dar opiniões sobre os outros, do que sobre mim próprio, mas há uma coisa que posso garantir, é que tanto há uma semana, quando este blog começou, como agora continuo absolutamente convencido que não sou capaz de escrever este tipo de textos, por isso que estou aqui a fazer? Das duas uma, ou os aprenderei a escrever ou como ainda me parece sou uma enorme erro de casting. Mas prometo que me vou esforçar, indo empenhando nos textos que aqui irem escrevendo as fracas qualidades e os abundantes defeitos que talvez responderiam a essa tal pergunta do “Quem sou eu?”
Não sei fazer nem uma coisa nem outra, verdadeiramente não sei responder a esta pergunta, provavelmente um trauma que vem das típicas apresentações do básico e do secundário em que repetidamente se faz a mesma pergunta, ouvindo sempre os mesmos sonolentos discursos. A resposta a esta pergunta será sempre um texto inacabado, agora sou algo, daqui a 20 anos de certeza que serei algo diferente, a base espero que seja a mesma, mas ninguém vive estático intocável ao que vai vivendo.
Confesso que a minha especialidade não é auto-análise, sempre me foi muito mais fácil dar opiniões sobre os outros, do que sobre mim próprio, mas há uma coisa que posso garantir, é que tanto há uma semana, quando este blog começou, como agora continuo absolutamente convencido que não sou capaz de escrever este tipo de textos, por isso que estou aqui a fazer? Das duas uma, ou os aprenderei a escrever ou como ainda me parece sou uma enorme erro de casting. Mas prometo que me vou esforçar, indo empenhando nos textos que aqui irem escrevendo as fracas qualidades e os abundantes defeitos que talvez responderiam a essa tal pergunta do “Quem sou eu?”
sábado, 27 de setembro de 2008
Quem sou eu? - quadro sempre incompleto
Sou como todos… um misto de razão e sentir. Se formos diferentes, talvez a diferença seja o equilíbrio que pensamos procurar. Eu procuro o equilíbrio que me deixa balançar.
Gosto de sorrir e chorar, de sentir e pensar e até de pensar sentir.
Gosto de sonhar ser o lado errado da ciência, aquele que foge ao ciclo vicioso onde não entram sentimentos.
… Sentimento(s)… talvez uma boa descrição, mas para ser retrato falta o artista… e eu sou, nas mãos dos artistas da minha vida, um quadro sempre incompleto, sempre a crescer.
Sou o meu desafio.
Sou alguém que gosto de (des)conhecer.
Gosto de sorrir e chorar, de sentir e pensar e até de pensar sentir.
Gosto de sonhar ser o lado errado da ciência, aquele que foge ao ciclo vicioso onde não entram sentimentos.
… Sentimento(s)… talvez uma boa descrição, mas para ser retrato falta o artista… e eu sou, nas mãos dos artistas da minha vida, um quadro sempre incompleto, sempre a crescer.
Sou o meu desafio.
Sou alguém que gosto de (des)conhecer.
Quem sou eu? - Sei lá!
Não é fácil responder a esta pergunta, mas vou tentar. Antes de dizer quem sou, é mais fácil definir quem é que eu não sou. Eu não sou um ser definido. Ou seja, eu não sei. Como qualquer jovem, eu ainda não faço ideia de quem sou. Tenho vários projectos. Vários sonhos. Vários objectivos. Todos distintos. Costumo dizer que tenho vários sonhos diferentes, para o caso de um falhar. E espero um dia, chegar a ser um pouco de tudo aquilo que gostaria de ser. Mas até esse dia, não sei quem sou. Sei quem fui, no passado. Fui um sujeito calmo, discreto e sossegado. Nunca fiz mais do que o meu dever e sempre procurei ser útil. Arranjei um grupo de amigos fiéis e hoje guardo grandes recordações do passado. Mas a verdade, é que não sei quem sou.
Contudo, recentemente, comecei uma nova etapa. Caminho hoje para um novo caminho. Um novo leque de oportunidades abre-se à minha frente. E contudo, mais uma vez, não sei quem sou.
Gostava mesmo assim, de num futuro próximo, ser alguém importante. Alguém bem sucedido. Mas por outro lado, não me vejo num emprego normal. Gostava realmente de ser diferente. Mais intelectual. Mais feliz. Mais humano. Gostava de ser muita coisa. E contudo, não sou capaz de responder à pergunta pertinente: Quem sou eu?
A verdade é que não me interessa. Não sei. E nem quero saber. Enquanto não souber, a vida enche-se de mistério. Cada mês está repleto de novas oportunidades. Cada pessoa que conheço, promete mil e uma aventuras. E por fim, a cara que vejo ao espelho todos os dias, continua a ser desconhecida para mim. Imprevisível e incompreendida. Tenho o mundo aos meus pés. Tenho o meu futuro na minha mão. Basta-me decidir o que fazer agora, com todo o tempo e vida que ainda tenho pela frente.
Talvez tudo corra mal. Eu tenha um acidente de carro e fique paraplégico. Talvez eu vá morrer para a semana de uma doença qualquer ou de uma ex-namorada ressentida. Mas a verdade é que, independentemente do que possa acontecer, eu estou aqui e agora. Eu estou vivo. E ainda não sei quem sou. Não sei o que espero de mim. E não sei o que quero da vida. E isso, quer queira quer não, obriga-me a sorrir.
Ingratidão - 27.9.8
Contudo, recentemente, comecei uma nova etapa. Caminho hoje para um novo caminho. Um novo leque de oportunidades abre-se à minha frente. E contudo, mais uma vez, não sei quem sou.
Gostava mesmo assim, de num futuro próximo, ser alguém importante. Alguém bem sucedido. Mas por outro lado, não me vejo num emprego normal. Gostava realmente de ser diferente. Mais intelectual. Mais feliz. Mais humano. Gostava de ser muita coisa. E contudo, não sou capaz de responder à pergunta pertinente: Quem sou eu?
A verdade é que não me interessa. Não sei. E nem quero saber. Enquanto não souber, a vida enche-se de mistério. Cada mês está repleto de novas oportunidades. Cada pessoa que conheço, promete mil e uma aventuras. E por fim, a cara que vejo ao espelho todos os dias, continua a ser desconhecida para mim. Imprevisível e incompreendida. Tenho o mundo aos meus pés. Tenho o meu futuro na minha mão. Basta-me decidir o que fazer agora, com todo o tempo e vida que ainda tenho pela frente.
Talvez tudo corra mal. Eu tenha um acidente de carro e fique paraplégico. Talvez eu vá morrer para a semana de uma doença qualquer ou de uma ex-namorada ressentida. Mas a verdade é que, independentemente do que possa acontecer, eu estou aqui e agora. Eu estou vivo. E ainda não sei quem sou. Não sei o que espero de mim. E não sei o que quero da vida. E isso, quer queira quer não, obriga-me a sorrir.
Ingratidão - 27.9.8
sexta-feira, 26 de setembro de 2008
Quem sou eu? - Uma incógnita
A sempre eterna questão filosófica que nos remete a todo o tempo, a toda a hora, a todo o minuto e segundo, constantemente (já cansam tantas expressões análogas), a uma profunda reflexão pessoal relativa à existência e definição da verdadeira essência do nosso ser, uma vez que viemos do pó e ao pó voltaremos.
Após iniciar este desafio, que propus a mim e aos meus restantes colegas, experimentei algumas dúvidas ao redigir este texto, sendo eu já uma dúvida em relação ao meu próprio ser. Surgiu então, entretanto, alguém que me disse: “ Há tanta coisa que podes falar. O que tu gostas também revela quem tu és. Porque não falas um pouco da música que tanto gostas?” – porque não? A música, mais especificamente o piano, é a minha apaziguadora espiritual, intelectual e física, de todas as artes é rainha, nenhuma mais tem um poder tão distinto como esta. Através desse poder que exerce encontro descanso e paz, atravesso um mundo diverso, inexacto, semelhante a um sonho, mas acordado, e assim penso como um todo. Penso na transitoriedade da vida, das gerações muitas que por aqui circularam até a minha chegada e das muitas que passarão durante e após a minha passagem; de como vinte e quatro horas, um ano lectivo, trezentos e sessenta e cinco dias passam num ápice, feliz o pensador que inventou a expressão “tempus fugit”, “o tempo voa”, este sim transborda de razão. Voam o tempo e a vida, eterna e intimamente ligados, deixando atrás apenas recordações, como a água que passa num dado momento no rio que, por mais que fiquemos à espera, não tornaremos a vê-la. Penso ainda nas paixões que tive e desilusões causadas por uma ou outra em particular, escuto a música e relembro os bons momentos que o tempo deixou para trás, não guardando rancor e vivendo abençoado, uma vez que permitir o contrário seria perder tempo e o tempo que nos resta é sempre curto.
Recordo ainda os meus amigos, que, em qualquer caso, sempre poucos são os verdadeiramente dignos dessa palavra, mas daqueles que tenho, a sua importância é muita, enorme aliás. Passar um bom tempo com amigos, ter a sempre boa companhia da música, passear ou simplesmente caminhar à noite por prazer, sentir a brisa fria do inverno, devidamente resguardado, e assistir a um belo espectáculo são dádivas proporcionadas pela vida, das quais muito me regozijo.
Contudo, depois de tanta reflexão, não me sinto ainda preparado a responder à questão inicial que me propus, pelo menos contínuo sem saber exactamente o que responder. Neste preciso momento, o que consigo dizer é que sou melancólico, que é em grande parte verdade, se bem que estou convicto que a totalidade daquilo que considero o meu “eu” é algo bem mais complexo que a melancolia e nostalgia.
Tenho várias sombras a rodear-me e, portanto, busco ainda a minha verdadeira identidade. Sei quais os meus gostos, os meus interesses, as minhas tendências e hábitos, contudo, não passo de um ponto de interrogação ambulante que vai de rua em rua.
Quem sou? Não sei. No entanto algo sou e, por enquanto, esse algo é uma só coisa - uma incógnita.
sexta-feira, 19 de setembro de 2008
Prefácio
Um início, uma nova aventura, um novo blog! Quatro pessoas diferentes, quatro almas diferentes, com diferentes objectivos e ideias, unas num projecto em comum!
Falar sobre tudo é um objectivo, sentir tudo é um outro, senti-lo aqui, tudo, de quatro formas distintas. Tal como a simbologia nos enuncia, o número quatro é a raiz de todas as coisas, como as quatro estações do ano, os quatro elementos fundamentais, as quatro qualidades essenciais, entre tantas outras, e, como tal, seremos a raiz de todas as coisas neste blog. Seremos o Homero desta Odisseia, o Virgílio desta Eneida, o Dante dest'A Divina Comédia ou simplesmente os Autores desta Vida Pouco Vivida.
Valete Frates!
Falar sobre tudo é um objectivo, sentir tudo é um outro, senti-lo aqui, tudo, de quatro formas distintas. Tal como a simbologia nos enuncia, o número quatro é a raiz de todas as coisas, como as quatro estações do ano, os quatro elementos fundamentais, as quatro qualidades essenciais, entre tantas outras, e, como tal, seremos a raiz de todas as coisas neste blog. Seremos o Homero desta Odisseia, o Virgílio desta Eneida, o Dante dest'A Divina Comédia ou simplesmente os Autores desta Vida Pouco Vivida.
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